O presidente da França Jacques Chirac disse neste domingo que o restabelecimento da ordem é a prioridade máxima do país após dez dias de manifestações violentas na periferia da cidade, contra a política de emprego e distribuição de renda da França.
O presidente falou depois de uma reunião com seu gabinete de segurança, que envolve sete ministros mais o primeiro-ministro, Dominique de Villepin. A noite deste sábado foi a mais violenta desde que os protestos tiveram início. Foram queimados quase 1,3 mil carros, 15 deles foram atacados no Centro de Paris, nas proximidades da Praça da República.
- A evolução dos fatos pressupõe o respeito a todos, a justiça e a igualdade. Estamos determinados a seguir este caminho, perseguir todos os esforços neste domínio, mas existe uma condição: é prioridade restabelecer a segurança e a ordem pública - disse o presidente.
Chirac acrescentou também que a última palavra deve ser da lei e que "a República é mais forte que os que querem disseminar a violência e o medo". Essas pessoas, segundo ele, serão detidas, julgadas e condenadas.
A segurança pública havia sido deixada principalmente nas mãos do primeiro-ministro e do ministro do Interior, Nicolas Sarkozy, que até o momento não encontraram uma solução para controlar a explosão de violência com complexas causas sociais, econômicas e raciais.
Funcionários do governo disseram que o ministro Villepin faria nesta semana "propostas concretas" para os bairros mais problemáticos.
Nos últimos dias, os episódios violentos se espalharam por outras cidades. Habitantes das zonas afetadas reclamavam da violência:
- Isto já está exagerado. Que parem! Que façam outra coisa, mas não isto, não a violência - disse uma mulher em Evreux, uma tranqüila cidade da Normandia onde foram atacados um centro comercial, 50 veículos, uma agência de correiros e dois colégios.
- Minha esposa ficou sem trabalho agora. Tenho dois filhos, uma hipoteca e um carro para pagar - disse outro residente.
O prefeito de Evreux, Jean-Louis Debre, homem de confiança de Chirac, disse a repórteres que "uma centena de pessoas havia destruído tudo e espalhado a desolação".
As autoridades dizem que os protestos noturnos e violentos são organizados pela internet e por telefone celular e que, provavelmente, contam com o apoio de traficantes e ativistas islâmicos.
Cerca de 2,3 mil policiais foram destacados para garantir a segurança da população, além de sete helicópteros que sobrevoaram a região de Paris durante a noite, filmando os distúrbios e direcionando os esquadrões móveis.
Apesar de o governo continuar lutando para dar uma resposta à população, o ex-líder os socialistas, François Hollande, disse que os distúrbios são resultado de uma fracasso da política do governo.
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