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Obama discursa na Casa Branca sobre a crise síria | REUTERS/Evan Vucci/POO
Obama discursa na Casa Branca sobre a crise síria| Foto: REUTERS/Evan Vucci/POO

Kerry: Síria tem mil toneladas de armas químicas

O secretário de Estado americano, John Kerry, afirmou hoje (10) em depoimento à Câmara dos Representantes, em Washington, que o regime sírio tem aproximadamente mil toneladas de diversos agentes químicos, componentes binários, enxofre, mostarda, componentes binários de gás sarin e VX.

Obama continuará a pedir autorização do Congresso para atacar a Síria

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, continuará com seu plano de pedir ao Congresso que aprove o uso de força militar na Síria, apesar de a Síria ter aceitado uma proposta russa para entregar o controle de armas químicas, disse o porta-voz da Casa Branca Jay Carney nesta terça-feira (10).

  • Ativistas pedem, nas ruas de Washington, que os EUA não ataquem a Síria

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, se comprometeu a examinar a iniciativa diplomática proposta pela Rússia para a Síria, em um discurso de 17 minutos na noite desta terça-feira (10), transmitido ao vivo da Casa Branca. Mesmo assim, Obama deixou evidente o seu ceticismo diante da solução e tentou convencer a população de que, talvez, seja necessária uma ação militar.

O argumento usado por Obama é o de interesse pela segurança nacional. Para ele, é importante que a Síria enfrente consequências pelo ataque com armas químicas de 21 de agosto que, segundo autoridades norte-americanas, matou 1.429 pessoas. Para o presidente, a Al Qaeda só ficará mais forte se souber que o mundo não fará nada para impedir que as pessoas morram por gás sarin. "As pessoas na Síria merecem viver com dignidade", disse Obama. "Um ataque direcionado pode deter Assad ou qualquer outro ditador que pense em usar armas químicas", insistiu.

Obama disse ainda ter recebido cartas de norte-americanos pedindo que o país não interviesse na Síria. Em uma delas, de acordo com o presidente, o autor dizia que os EUA não poderiam se sentir como a "polícia do mundo". Em resposta, Obama concordou com o signatário, mas disse que quando um "esforço e risco" modesto puderem salvar crianças de armas químicas, o país deveria fazer alguma coisa.

Obama disse ainda que pediu às Forças Armadas que mantenham a "pressão" contra o regime de Bashar al Assad e que continuem preparadas para "responder" perante um possível ataque militar na Síria.

"As Forças Armadas americanas não andam com panos quentes. Um ataque limitado enviará a Assad uma mensagem que nenhuma outra nação pode dar", advertiu Obama.

Obama, que pediu ao Congresso americano autorização para lançar um ataque militar "limitado" contra a Síria, reiterou hoje que não vai enviar tropas a esse país e que não procura uma campanha bélica de longo alcance como as do Iraque e do Afeganistão, nem sequer uma campanha de bombardeios prolongada, como as de Kosovo e Líbia.

"Seria um golpe dirigido a conseguir um objetivo claro: dissuadir do uso de armas químicas e degradar as capacidades de Assad", enfatizou.

Além disso, Obama considerou que é "cedo demais" para determinar se dará resultado a proposta russa para que o regime sírio ceda o controle de seu arsenal químico à comunidade internacional, mas que é importante tentar.

"É cedo demais para determinar se esta oferta terá êxito e qualquer acordo deve verificar se o regime de Assad cumpre seus compromissos", disse Obama durante um discurso de 15 minutos no Salão Leste da Casa Branca."Mas esta iniciativa tem o potencial de eliminar a ameaça das armas químicas sem o uso da força, particularmente porque Rússia é um dos mais firmes aliados de Assad", destacou o líder.

Obama disse que seu secretário de Estado, John Kerry, se reunirá na próxima quinta-feira com o ministro de Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, enquanto ele continuará suas próprias discussões sobre uma saída à crise síria com o presidente Vladimir Putin.

O presidente americano acrescentou que, após consultas com a França e o Reino Unido, os EUA trabalharão estreitamente com a Rússia e a China para tramitar uma resolução perante o Conselho de Segurança das Nações Unidas que obrigue Assad a desarmar-se e a destruir essas armas químicas sob controle internacional.

Obama reconheceu que a ideia de um possível ataque militar "não será popular", mas insistiu que a comunidade internacional não pode permitir o futuro uso de armas químicas que encoraje regimes como o do Irã e ponha em risco a segurança no Oriente Médio

Visita ao Senado

Antes, no Senado, Obama, pediu que a liderança Democrata no Senado adie a decisão de autorizar uma ação militar contra a Síria para dar uma oportunidade às negociações diplomáticas. A visita foi feita após o governo sírio ter aceitado a proposta da Rússia de entregar seu arsenal químico para evitar um ataque americano.

Em uma visita ao Congresso, Obama orientou os parlamentares que esperem por decisões do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Ele sinalizou que é possível que as conversações entre Rússia, Síria e França apontem para uma possível solução política para a entrega de armas pelo governo do presidente Bashar Al Assad.

Além disso, o Conselho de Segurança da ONU cancelou uma reunião de emergência que havia sido convocada hoje para discutir a proposta de Moscou. Especula-se que a Rússia queria uma redação diferente da prévia redigida pela França para a resolução sobre a entrega de armas da Síria.

De acordo com pesquisas, 63% dos norte-americanos rejeitam um ataque militar contra a Síria. O presidente russo, Vladimir Putin, voltou a defender que os países evitem um ataque ao território sírio. Ele mencionou hoje, a uma TV Russa, que por várias vezes, conversou com vários países durante a reunião do G-20 na semana passada, inclusive com Obama, sobre possíveis soluções políticas. "Concordamos em intensificar o trabalho para encontrar um acordo comum que possa solucionar o problema sem a ação militar", disse Putin.

Síria diz que revelará localização de armas químicas

A Síria não só aceitou uma proposta russa de entregar o controle de armas químicas à comunidade internacional, como disse estar pronta para revelar a localização de seu arsenal e mostrar as suas instalações para os representantes da Rússia, Nações Unidas e outros países. Em entrevista exclusiva à rede "Al-Mayadeen", o ministro das Relações Exteriores, Walid Moallem, afirmou ainda que o país irá assinar a Convenção sobre Armas Químicas.

Pouco antes, o secretário de Estado americano, John Kerry, afirmou que receberá do governo russo ainda hoje uma proposta de retirada de armas químicas da Síria. Segundo Kerry, a combinação foi feita em conversa com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov.

"Isso não pode ser um jogo. Deixamos isso muito claro para os russos", afirmou o secretário em entrevista aos jornalistas Nicholas Kristof, do "New York Times", e Lara Setrakian, do site "Syria Deeply", via hangout do Google. "Não vamos aceitar algo que não dará conta do trabalho necessário."

Nesta quarta-feira (10), o Conselho de Segurança da ONU iria realizar uma reunião de emergência sobre a Síria, mas o encontro foi cancelado. A reunião havia sido solicitada pela Rússia, mas foi suspensa após a retirada do pedido.

Bombardeio

Com a aceitação da proposta russa, a Síria pode ser poupada de um ataque norte-americano. Enquanto isso, aviões do governo de Bashar al-Assad bombardearam posições rebeldes em Damasco, algo que não ocorria desde que Washington passou a fazer ameaças.

A iniciativa diplomática russa, aparentemente derivada de uma declaração do secretário de Estado dos EUA, John Kerry, marca uma repentina mudança de rumos na crise depois de várias semanas em que o Ocidente parecia se encaminhar para uma intervenção militar no conflito sírio, que já dura dois anos e meio.

A França disse que vai apresentar ao Conselho de Segurança da ONU uma resolução prevendo a entrega do arsenal químico sírio, e ameaçando consequências "extremamente sérias" se Damasco violar as condições do acordo.

O governo dos EUA vinha propondo um ataque limitado, que punisse o governo sírio pelo suposto uso de armas químicas contra civis - o que o presidente Bashar al-Assad nega ter acontecido.

Os rebeldes sírios reagiram com perplexidade à proposta russa, já que esperavam finalmente receber apoio militar ocidental para derrubar Assad.

"É um truque barato para dar ao regime mais tempo para matar cada vez mais pessoas", disse o ativista que se identificou como Sami, em Erbin, um subúrbio de Damasco atingido pelo suposto ataque químico.

O presidente dos EUA, Barack Obama - que nas últimas semanas busca apoio da opinião pública e do Congresso para o eventual ataque -, disse que a proposta russa pode ser um "avanço". Mas a Casa Branca disse que Obama continuará com seu plano de pedir ao Congresso que aprove o uso de força militar na Síria.

Em visita a Moscou, o chanceler sírio, Walid al-Moualem, disse que seu país concorda com a iniciativa russa, porque "elimina os motivos para uma agressão norte-americana", segundo relato da agência local de notícias Interfax.

Enquanto o processo diplomático se desenrola em capitais distantes, aviões de Assad bombardearam na terça-feira bairros rebeldes da capital pela primeira vez desde o suposto ataque com gás em 21 de agosto. Rebeldes disseram que os bombardeios foram uma demonstração de que o governo considera ter vencido a queda de braço com o Ocidente.

"Ao mandar os aviões de volta, o regime está passando um recado de que não sente mais a pressão internacional", disse o ativista Wasim al-Ahmad, no bairro de Mouadamiya, outro alvo do suposto ataque químico de agosto.

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