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- Síria aceita proposta russa sobre armas químicas, diz agência
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- Rússia e Síria já teriam plano para controlar armas químicas
- França, EUA e Reino Unido vão propor à ONU resolução sobre Síria
A Síria não só aceitou uma proposta russa de entregar o controle de armas químicas à comunidade internacional, como disse estar pronta para revelar a localização de seu arsenal e mostrar as suas instalações para os representantes da Rússia, Nações Unidas e outros países. Em entrevista exclusiva à rede "Al-Mayadeen", o ministro das Relações Exteriores, Walid Moallem, afirmou ainda que o país irá assinar a Convenção sobre Armas Químicas.
Pouco antes, o secretário de Estado americano, John Kerry, afirmou que receberá do governo russo ainda hoje uma proposta de retirada de armas químicas da Síria. Segundo Kerry, a combinação foi feita em conversa com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov.
"Isso não pode ser um jogo. Deixamos isso muito claro para os russos", afirmou o secretário em entrevista aos jornalistas Nicholas Kristof, do "New York Times", e Lara Setrakian, do site "Syria Deeply", via hangout do Google. "Não vamos aceitar algo que não dará conta do trabalho necessário."
Nesta quarta-feira (10), o Conselho de Segurança da ONU iria realizar uma reunião de emergência sobre a Síria, mas o encontro foi cancelado. A reunião havia sido solicitada pela Rússia, mas foi suspensa após a retirada do pedido.
Bombardeio
Com a aceitação da proposta russa, a Síria pode ser poupada de um ataque norte-americano. Enquanto isso, aviões do governo de Bashar al-Assad bombardearam posições rebeldes em Damasco, algo que não ocorria desde que Washington passou a fazer ameaças.
A iniciativa diplomática russa, aparentemente derivada de uma declaração do secretário de Estado dos EUA, John Kerry, marca uma repentina mudança de rumos na crise depois de várias semanas em que o Ocidente parecia se encaminhar para uma intervenção militar no conflito sírio, que já dura dois anos e meio.
A França disse que vai apresentar ao Conselho de Segurança da ONU uma resolução prevendo a entrega do arsenal químico sírio, e ameaçando consequências "extremamente sérias" se Damasco violar as condições do acordo.
O governo dos EUA vinha propondo um ataque limitado, que punisse o governo sírio pelo suposto uso de armas químicas contra civis - o que o presidente Bashar al-Assad nega ter acontecido.
Os rebeldes sírios reagiram com perplexidade à proposta russa, já que esperavam finalmente receber apoio militar ocidental para derrubar Assad.
"É um truque barato para dar ao regime mais tempo para matar cada vez mais pessoas", disse o ativista que se identificou como Sami, em Erbin, um subúrbio de Damasco atingido pelo suposto ataque químico.
O presidente dos EUA, Barack Obama - que nas últimas semanas busca apoio da opinião pública e do Congresso para o eventual ataque -, disse que a proposta russa pode ser um "avanço". Mas a Casa Branca disse que Obama continuará com seu plano de pedir ao Congresso que aprove o uso de força militar na Síria.
Em visita a Moscou, o chanceler sírio, Walid al-Moualem, disse que seu país concorda com a iniciativa russa, porque "elimina os motivos para uma agressão norte-americana", segundo relato da agência local de notícias Interfax.
Enquanto o processo diplomático se desenrola em capitais distantes, aviões de Assad bombardearam na terça-feira bairros rebeldes da capital pela primeira vez desde o suposto ataque com gás em 21 de agosto. Rebeldes disseram que os bombardeios foram uma demonstração de que o governo considera ter vencido a queda de braço com o Ocidente.
"Ao mandar os aviões de volta, o regime está passando um recado de que não sente mais a pressão internacional", disse o ativista Wasim al-Ahmad, no bairro de Mouadamiya, outro alvo do suposto ataque químico de agosto.