Um combatente na cidade líbia de Zawiyah disse que rebeldes retomaram a principal praça da localidade, no oeste da Líbia, após forças leais a Muamar Kadafi terem assumido o controle do local mais cedo nesta quarta-feira.
O guerrilheiro, chamado Ibrahim, disse à Reuters que o governo enviou partidários de Kadafi para uma demonstração no local e que eles foram expulsos da praça.
"Expulsamos (as forças pró-Kadafi) e estamos de volta na praça agora", disse Ibrahim por telefone.
Mais cedo, a TV estatal líbia mostrou seguidores de Kadafi agitando bandeiras, no que o canal disse ser uma manifestação comemorativa. Um combatente rebelde afirmou à Reuters que o grupo contrário ao governo havia sido expulso do seu reduto na praça central da cidade.
Um médico local confirmou esse relato e disse que os combates deixaram pelo menos 40 mortos, talvez muito mais.
O médico disse que havia muitos cadáveres nas ruas, inclusive de idosos, mulheres e crianças. A TV Al Jazeera informou que vários membros das forças de Kadafi também foram mortos, incluindo um general e um coronel.
Uma testemunha em Zawiyah relatou à TV Al Arabiya que as forças governistas realizaram um novo bombardeio pesado na noite de quarta-feira, ainda tarde no Brasil.
O governo prometeu várias vezes acompanhar jornalistas estrangeiros a Zawiyah, 50 quilômetros ao oeste de Trípoli, mas repetidamente cancelou a visita ao longo da quarta-feira.
Um tunisiano que voltou ao seu país vindo de Trípoli, no meio da tarde, disse que Zawiyah estava cercada, e que era possível escutar explosões.
"A estrada estava bem até que chegamos perto Zawiyah. Eles cercaram a cidade e escavaram a estrada que conduz até lá, por isso ninguém podia entrar ou sair de Zawiyah," relatou Bachir al Tunesy.
A contraofensiva de Gaddafi, quase três semanas depois do início da revolta contra ele, conteve o avanço dos rebeldes no leste e nas cidades de Zawiyah e Misurata, no oeste.
Ao mesmo tempo, o governo líbio parece estar sondando os governos ocidentais que tentam isolar Kadafi com sanções financeiras e cogitam outras medidas para tentar conter a violência.
Emissários do governo líbio aparentemente viajaram a Bruxelas para conversar na quinta e sexta-feira com representantes da União Europeia e da Otan, disse o chanceler italiano, Franco Frattini, sugerindo que a situação é muito fluida.
A agência de notícias Lusa disse que o chanceler de Portugal deve se reunir com outro membro do governo de Gaddafi em Trípoli. Não há detalhes sobre a pauta do encontro.
Combates no leste
Os rebeldes que controlam grande parte da Líbia enfrentaram um pesado fogo de artilharia na sua linha de frente no deserto, nos arredores do porto petrolífero de Ras Lanuf.
O médico Gebril Hewadi, membro do comitê de gestão médica em Benghazi, principal cidade sob controle rebelde, disse à Reuters TV que pelo menos 400 pessoas haviam sido mortas no leste da Líbia desde o início dos confrontos, em 17 de fevereiro, e que muitos cadáveres ainda não foram retirados das áreas bombardeadas.
Os rebeldes do leste renovaram seu apelo para que potências estrangeiras imponham uma zona de exclusão aérea que os proteja de bombardeios do governo. A secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton, deixou claro que a imposição da zona de exclusão aérea é um assunto para as Nações Unidas, e não deve ser uma iniciativa liderada pelos EUA.
A Casa Branca disse, no entanto, que no seu entender o embargo de armas da ONU à Líbia é suficientemente flexível para permitir que os rebeldes recebam armas, caso tal decisão seja tomada por Washington e seus aliados.
Kadafi diz que prefere morrer na Líbia a fugir. Mas ele não consegue impedir que surjam sucessivos boatos sobre seus planos.
Um analista de origem líbia afirmou que pessoas ligadas ao regime abordaram países da África e da América Latina sobre a possibilidade de conseguir asilo para o dirigente em caso de fuga.
"É provisório, uma sondagem do terreno, só preparando para o futuro," disse Noman Benotman, que tem contatos entre funcionários de segurança da Líbia. "Também pode ser uma manobra para iludir, para tentar desestabilizar a comunidade internacional. Mas os contatos definitivamente aconteceram."
Baixas e refugiados
O crescente número de mortos e os temores de que ocorram um surto de fome e uma onda de refugiados elevam a pressão sobre os governos estrangeiros para que intervenham, mas muitos têm receio de passar das sanções à ação militar.
"Queremos o apoio da comunidade internacional (à zona de exclusão aérea)," disse Hillary à Sky News. "Acho que é muito importante que isto não seja um esforço liderado pelos EUA."
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, e o presidente dos EUA, Barack Obama, concordaram em um telefonema em planejar "o espectro de respostas possíveis, incluindo a vigilância, a assistência humanitária, a aplicação do embargo de armas e uma zona de exclusão aérea."
Grã-Bretanha e França querem uma resolução da ONU sobre uma zona de exclusão aérea. Rússia e China, membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, relutam em aceitar tal proposta, que poderia implicar bombardeios ocidentais contra as defesas aéreas líbias.
Na linha de frente, os rebeldes se sentem cada vez mais frustrados com a recusa do Ocidente em intervir. "Só vamos completar a nossa vitória quando tivermos uma zona de exclusão aérea," afirmou Hafiz Ghoga, porta-voz do Conselho Nacional instituído pelos rebeldes em Benghazi. "Se houver também medidas para impedir que ele (Kadafi) recrute mercenários, seu fim viria dentro de horas."
Os rebeldes capturaram a cidade de Ras Lanuf na semana passada e começaram então a avançar pela estratégica estrada litorânea até Sirte, cidade natal de Kadafi. Mas eles foram rechaçados e agora estão em uma "terra de ninguém" no trecho de deserto que separa Ras Lanuf e Jawad Bin, 550 quilômetros a leste de Trípoli.
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