A Coreia do Norte disparou nesta quinta-feira projéteis de curto alcance, na altura de sua costa oriental, indicou o governo sul-coreano, horas após o Conselho de Segurança da ONU endurecer as sanções internacionais contra o regime de Pyongyang.
Seis projéteis, aparentemente com alcance entre 100 e 150 km, foram disparados sobre o Mar do Japão às 10 horas desta quinta-feira (22 horas Brasília de quarta-feira), segundo o ministério sul-coreano da Defesa.
O porta-voz Moon Sang-gyun revelou que o ministério segue tentando determinar se foram lançados foguetes ou mísseis de curto alcance.
“A Coreia do Sul acompanha qualquer movimento suplementar que o Norte possa fazer”, acrescentou o porta-voz.
Na quarta-feira, o Conselho de Segurança da ONU impôs uma nova série de duras sanções contra Pyongyang após seus últimos testes nuclear e balístico.
A resolução, apresentada pelos Estados Unidos, foi adotada por unanimidade, inclusive pela China, aliada do regime norte-coreano.
O presidente americano, Barack Obama, considerou a decisão como uma “resposta firme, unida e apropriada” ao teste nuclear - o quarto desde 2006 - e a outro de míssil realizados em 6 de janeiro e 7 de fevereiro, respectivamente, em violação às resoluções da ONU.
“A comunidade internacional, que se expressou com uma só voz, enviou a Pyongyang uma mensagem simples: a Coreia do Norte deve abandonar estes perigosos programas e escolher um caminho melhor para seu povo”, acrescentou Obama.
Estas sanções “estão entre as mais duas já adotadas contra um país”, destacou o embaixador britânico, Matthew Rycroft.
O embaixador chinês, Liu Jieyi, estimou que a resolução deve ser “um ponto de partida” para retomar as negociações sobre o desmantelamento do programa nuclear norte-coreano, atualmente em ponto morto.
Pela primeira vez, países membros da ONU deverão inspecionar todas as mercadorias provenientes de, ou com destino à Coreia do Norte.
Também deverão proibir os navios suspeitos de transportar cargas ilegais para a Coreia do Norte de fazerem escala em seus portos.
A resolução também impõe mais restrições às exportações norte-coreanas para limitar a capacidade do regime de financiar seus programas militares. Proíbe as exportações de carvão, ferro, minério de ferro, ouro, titânio e outros minerais da Coreia do Norte.
As sanções incluem ainda o fornecimento de combustível para aviões e foguetes.
Segundo a embaixadora americana, Samantha Power, Pyongyang recebe 1 bilhão de dólares anuais com a exportação de carvão e 200 milhões vendendo seu minério de ferro.
Por outro lado, os Estados-membros da ONU deverão expulsar os diplomatas norte-coreanos envolvidos em contrabando ou qualquer outra atividade ilegal.
Relógios de luxo, motos, embarcações e outros artigos de luxo não podem ser vendidos à Coreia do Norte, uma medida que se dirige à elite de Pyongyang.
Duras negociações
As negociações entre os Estados Unidos e a China duraram sete semanas para chegar a um acordo sobre o pacote de sanções, mas o impacto real das medidas depende em grande parte de como Pequim as implementará.
A China teme que exercer mais pressão sobre o regime possa causar o seu colapso e criar o caos na sua fronteira.
As negociações sobre um aumento das sanções coincidiram com o anúncio da Coreia do Sul e dos Estados Unidos de planos para implantar um novo sistema de defesa antimísseis na península coreana.
A China, e em menor grau a Rússia, “vão encontrar, como sempre, rachaduras”, para evitar a plena aplicação das sanções da ONU, afirma Roberta Cohen, uma especialista em Coreia do Norte do Brookings Institution.
Mas Pequim “avalia a evolução das fortes alianças militares entre os Estados Unidos, Coreia do Sul e Japão e percebe que não pode continuar no caminho atual”, acrescenta.
O Departamento do Tesouro americano, por sua vez, anunciou sanções contra duas entidades e dez pessoas vinculadas ao programa norte-coreano, enquanto o Departamento de Estado acrescentou três entidades e dois indivíduos à sua lista negra de sancionados.