- Fundadores do Mercosul "exigem" volta da normalidade no Equador
- Protestos deixam um morto e alguns feridos no Equador, afirma governo
- Colômbia fecha fronteira com Equador em apoio a Correa
- OEA repudia tentativa de "golpe de Estado" no Equador
- Brasil vai enviar representante a reunião da Unasul sobre Equador
- Após protestos, governo decreta estado de exceção no Equador
O presidente do Equador, Rafael Correa, disse na noite desta quinta-feira (30) que só vai negociar com os policiais rebelados se eles terminarem seu protesto, que levou o caos a Quito e a outras cidades do país.
Correa afirmou, em entrevista por telefone à TV local, que se reuniu com três comissões de policiais rebelados e reafirmou a eles essa intenção.
"Só saio daqui como presidente ou como cadáver", disse ele do hospital em que foi socorrido após ser atingido por gás depois de discursar e tentar conter a sublevação das forças de segurança no principal quartel da capital, Quito.
Correa também disse que não vai autorizar uma operação para resgatá-lo no hospital - onde está praticamente sitiado por policiais rebelados - para evitar um "banho de sangue".
Os protestos de policiais e militares levaram o governo do esquerdista Correa a denunciar uma tentativa de golpe de estado e a decretar estado de exceção nesta quinta-feira. Os protestos deixaram pelo menos um morto e vários feridos, segundo o governo.
Durante uma semana, as Forças Armadas irão às ruas para assumir a segurança pública do país.
Ao mesmo tempo, o chefe do Comando Conjunto das Forças Armadas do Equador, general Ernesto González, pediu nesta quinta-feira que os policiais ponham fim ao movimento, garantindo que seus direitos serão respeitados.
Mais cedo, González já havia declarado lealdade ao presidente.
O vice-presidente equatoriano, Lenín Moreno, também declarou apoio a Correa e conclamou o povo a ir às ruas para apoiar o presidente.
Corte de benefícios
Os protestos ocorrem porque Correa ameaçava retirar uma série de benefícios econômicos dos militares e da polícia, dentro de seu plano de austeridade e enxugamento do setor público.
O plano tem a oposição até mesmo de parlamentares do próprio partido de Correa, o que levou o presidente a manifestar a intenção de dissolver o Parlamento, como prevê a Constituição equatoriana de 2008.
Diplomacia
A comunidade internacional manifestou-se a favor de Correa e contra os protestos e a suposta tentativa de golpe.
A Organização dos Estados Americanos (OEA) aprovou uma resolução de apoio a Correa.
Em uma sessão extraordinária do Conselho Permanente em Washington, representantes dos países que compõem a OEA rejeitaram qualquer tentativa de desestabilização da ordem constitucional no país.
O Mercosul, bloco econômico formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, condenou "energicamente todo e qualquer tipo de ataque ao poder civil legitimamente constituído e à ordem constitucional e democrática do Equador", segundo nota do Itamaraty.
O presidente venezuelano, Hugo Chávez, disse que os chefes de Estado da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) realizarão uma reunião de emergência nas próximas horas em Buenos Aires para analisar a rebelião. O Brasil vai enviar representante à reunião.
Clima tenso
O clima seguia tenso no país, com relatos de comércio e escola fechados e saques. O Congresso foi invadido pelos rebelados.
Policiais que cercam o hospital em que Correa está internado teriam lançado gás contra civis partidários do presidente. Dois fotógrafos da agência France Presse denunciaram ter sido agredidos.
O comandante da Polícia Nacional, general Freddy Martínez, negou a versão de que Correa estaria "sequestrado" no hospital, como disseram alguns integrantes do governo.
Os policiais rebelados invadiram a Ecuador TV, estatal, e pretendiam interromper seu sinal e o da Gama TV, também do governo. A informação é de funcionários das duas emissoras.
Policiais em Guayaquil e Quito protestaram em seus quartéis. Militares em Guayaquil bloquearam algumas estradas que chegam à cidade litorânea, a mais populosa do Equador.
A estatal de petróleo Petroecuador afirmou que suas operações não foram afetadas e que militares reforçaram a segurança nas unidades.
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