Promotores de Nova York e advogados de defesa do ex-diretor-gerente do FMI Dominique Strauss-Kahn reuniram-se nesta quarta-feira por quase duas horas, sem nenhuma resolução aparente, enquanto o caso de agressão sexual movido contra ele parece estar perdendo força.
Os advogados de defesa se recusaram a dar detalhes sobre o encontro, enquanto uma porta-voz dos promotores disse apenas que a investigação continua. O jornal The New York Times disse que as partes conversariam sobre se as acusações poderiam ser arquivadas ou resolvidas com um acordo judicial.
"O processo de investigação continua, e nenhuma decisão foi tomada", disse uma porta-voz da procuradoria de Manhattan em comunicado.
Benjamin Brafman, um dos advogados de defesa, disse a um batalhão de repórteres ao sair do encontro: "Tivemos uma reunião construtiva. Isso é tudo o que iremos dizer. Não vamos responder a nenhuma pergunta."
Não ficou claro se o procurador-geral de Manhattan, Cyrus Vance, esteve presente ao encontro realizado em seu escritório. Vance, que foi eleito para o cargo e cuja reputação pode ficar em jogo nesse caso altamente visado, tem insistido que sua equipe agiu de forma apropriada, diante das críticas de que ele tenha apressado demais o caso.
As acusações contra Strauss-Kahn sofreram uma reviravolta quando os promotores descobriram que a querelante, uma camareira de 32 anos da Guiné, mentiu sobre ter sido estuprada em seu país natal quando pediu asilo nos EUA, e também mudou os detalhes da história contada aos promotores sobre o que fez após o encontro com Strauss-Kahn em uma suíte de luxo no hotel em que trabalha.
Um juiz de Nova York libertou Strauss-Kahn da prisão domiciliar e suspendeu as severas condições de fiança na sexta-feira. Apesar disso, permanecem as acusações graves, incluindo agressão sexual e tentativa de estupro, contra o homem que já foi considerado o principal candidato presidencial da França.
Os promotores afirmam que ainda estão investigando o caso, numa indicação de que acreditam que evidências físicas sugerem que tenha ocorrido uma agressão sexual, independentemente de qualquer mentira dita pela acusadora no passado.
Strauss-Kahn, de 62 anos, tem uma próxima audiência marcada para 18 de julho, e há uma especulação crescente de que os promotores podem retirar acusações, incluindo as de agressão sexual e de tentativa de estupro -- que são negadas por ele veementemente.
A mulher que substituiu Strauss-Kahn como diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), a ex-ministra das Finanças da França Christine Lagarde, pediu que a mídia respeite a presunção de inocência de Strauss-Kahn, acrescentando que falou com ele pelo telefone sobre questões profissionais.
"A Justiça está tomando seu caminho", disse Lagarde à televisão France 24. "A coisa mais importante é respeitar a presunção de inocência, e acho que seria ótimo se a mídia fizesse isso também."
As conversas com Strauss-Kahn foram relacionadas à transição da liderança e os projetos fomentados por Strauss-Kahn, disse Lagarde.
"Foi estritamente profissional e teve a ver apenas com o meu papel como sucessora dele", disse Lagarde. A ex-ministra francesa foi nomeada em 28 de junho e assumiu na terça-feira, tendo de se concentrar na crise da dívida grega.
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