O secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, defendeu nesta terça-feira (13) a espionagem feita pelos americanos a diversos países e defendeu um "diálogo" com o governo brasileiro para que as autoridades entendam a iniciativa dos EUA.
Kerry cumpre agenda em Brasília hoje --após encontro com o ministro Antonio Patriota (Relações Exteriores), ele terá reunião com a presidente Dilma Rousseff.
Questionado sobre o fim da espionagem, Kerry respondeu: "Deixe-me ser transparente com vocês: eu não posso discutir questões operacionais, mas posso dizer (...) que o Congresso aprovou uma lei depois do 11 de setembro, quando fomos atacados pela Al Qaeda, e começamos um processo de tentar entender [os ataques] antes de nos atacarem", disse em coletiva de imprensa.
O secretário de Estado dos EUA defendeu um diálogo maior com autoridades brasileiras para esclarecimentos sobre o assunto e argumentou que a espionagem garante a segurança não apenas de cidadãos americanos como de todo o mundo.
"Nós vamos continuar a ter esse diálogo e vamos continuar tendo esse diálogo para ter certeza que seu governo entenda perfeitamente e esteja de acordo com o que precisamos fazer para garantir a segurança não apenas para os norte-americanos, mas para brasileiros e para as pessoas no mundo", disse em coletiva de imprensa.
Histórico
O Brasil busca ter mais informações sobre quem e o que foi espionado pelos Estados no país. No Senado, uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) foi criada há cerca de um mês para apurar denúncias de interceptação de dados pelo governo dos EUA.
A intenção é investigar o monitoramento de telefonemas, redes sociais, e-mails e programas de busca, como o Google --prática realizada pelos norte-americanos há pelo menos 11 anos.
As revelações de espionagem no Brasil foram feitas pelo jornal "O Globo" com base em informações do ex-técnico da CIA Edward Snowden.
Uma reunião entre técnicos de inteligência de Brasil e Estados Unidos deve ocorrer em Washington para tratar do assunto.
Ministros foram ao Congresso discutir o tema --na ocasião, Celso Amorim (Defesa) e José Elito (Gabinete de Segurança Institucional) disseram que a notícia das interceptações por parte dos EUA não surpreendeu o governo. A forma e escala do que foi feito é que são encaradas como novidades.
No mês passado, o ministro Antonio Patriota afirmou que os esclarecimentos dados até então pelo governo dos Estados Unidos sobre espionagem no Brasil foram considerados "insuficientes".