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Em cerimônia inédita na história da Igreja Católica, o papa Francisco canonizou na manhã deste domingo (27) o italiano João XXIII, Angelo Roncalli, e o polonês João Paulo II, Karol Wojtyla. O evento ficou conhecido na imprensa italiana como "o dia dos quatro papas" porque a cerimônia foi concelebrada também pelo papa emérito Bento XVI. Tal união particular de "papas" dificilmente será repetida.
Autoridades estimam que 800 mil pessoas estiveram na Praça de São Pedro e na Via della Conciliazione, mas não souberam precisar quantas permaneceram nas ruas próximas ao Vaticano. Anteriormente, jornais italianos chegaram a afirmar que 3 milhões de pessoas tinham acompanhado a cerimônia.
Na homilia, Francisco enalteceu as biografias dos dois novos santos por "não se terem deixado vencer pelas tragédias do século 20". Para ele, João XXIII e João Paulo II foram "homens corajosos" que não tiveram vergonha dos sofrimentos "dos mais necessitados". "Nestes dois homens contemplativos morava uma esperança e uma alegria invencíveis e gloriosas", disse o pontífice.
O rito da canonização foi realizado logo no início da cerimônia, às 10h20 (5h20 no horário de Brasília). Em seguida, as relíquias dos novos santos foram colocadas à esquerda do altar e Francisco as beijou. A de Karol Wojtyla é uma ampola com sangue que foi levada por Floribeth Mora Diaz, costa-riquenha curada de um aneurisma cerebral em 2011, milagre atribuído à intercessão de João Paulo II. A relíquia de João XXIII é um fragmento de pele retirado na exumação do corpo do santo em 2000. A peça foi levada ao altar pelos familiares de Roncalli, entre eles o sobrinho-neto Marco Roncalli, autor de uma biografia sobre o novo santo.
Espera
A celebração começou às 10 horas (5h pelo horário de Brasília), mas desde a noite de sábado milhares de pessoas esperavam a abertura das entradas bloqueadas em Via della Conciliazione, avenida que dá acesso à Praça de São Pedro. Muitos dormiram nas calçadas e no asfalto. Quando os portões foram abertos, às 5h30 (1h30 no horário de Brasília), muitas pessoas não conseguiram entrar porque o local lotou rapidamente.
A polícia italiana manteve um forte esquema de segurança. Mais de 10 mil agentes fizeram revistas minuciosas em todos aqueles que entraram em Via della Conciliazione. Foi criada ainda uma "área vermelha" dentro do Vaticano, de máxima segurança, onde poucos puderam ingressar.