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O Bairro Flores deixou de ser apenas uma referência geográfica de Buenos Aires para ganhar os olhos do mundo. Foi lá que Jorge Mario Bergoglio nasceu, passou a infância e decidiu seguir a vida religiosa. Conhecido por ser um menino estudioso e educado, o papa viveu no bairro até os 21 anos, onde fez amigos e história. "O que mudou no bairro é que, agora, estamos felizes", diz o barbeiro Pablo Romano, 70 anos.
O barbeiro foi morar em Flores no final da década de 50, quando a família do papa já não estava mais lá. No entanto, mantinha contato com Bergoglio porque o auxiliava no trabalho de assistência aos pobres. Romano destaca duas facetas do amigo que mais lhe agradava. Ser torcedor do San Lorenzo e peronista. Mas já adianta. "Isso não significa ser kirchenista", conta.
Após o anúncio de Habemus Papam, as lembranças da infância de Bergoglio proliferaram na memória dos moradores de Flores, um bairro de classe média hoje bastante povoado por equatorianos, bolivianos e paraguaios.
O sapateiro Rafael Musolino, 76 anos, foi amigo de infância de Bergoglio e o conhece há 50 anos. Ambos brincavam e jogavam bola na praça no bairro. Apesar de gostar de futebol, o papa não era muito assíduo aos jogos e não era conhecido como alguém bom de bola porque sempre priorizou o estudo. "Nós garotos fazíamos reuniões e o padre Bergoglio às vezes aparecia. Ele ia pouco porque era muito estudioso", lembra.
Musolino diz que Bergoglio era uma pessoa centrada, educada e de boa família. "Nós víamos que ele já estava se preparando para o trabalho religioso".
A rotina em Flores não mudou apenas para a família Musolino. Na Rua Membrillar, 531, o dia a dia é outro. Esse é o endereço da casa onde Bergoglio foi criado. Desde a última quarta-feira, carros passam em frente à residência e buzinam. Curiosos e jornalistas vindos de todas as partes do mundo fazem plantão no local, à espera uma oportunidade para entrar e conversar com a atual proprietária, Marta Blanco, que vive na casa há 35 anos. Ela conta que muita coisa foi modificada na residência, hoje com cerca de 80 metros quadrados e dois andares, após a saída da família Bergoglio. Daquela época, restam apenas uma espécie de parreira e as escadas que dão acesso ao pátio. Marta ficou muito feliz e surpresa em saber que mora na casa onde o papa nasceu. "Quando ouvi o anúncio de que ele seria papa pensei que estivesse escutado mal", conta.
Juventude"Se não me caso com você, viro padre", disse Bergoglio à namorada
Folhapress
Aos 12 anos, Jorge Mario Bergoglio mandou uma carta a uma menina chamada Amalia, que acreditava ser sua namorada, com uma proposta para que os dois se casassem. Na época, ele não pensava em se dedicar à Igreja, mas, coincidência ou não, teria escrito: "Se eu não me caso com você, viro padre". A informação foi dada pela própria Amalia em entrevista à televisão argentina. Na época, os dois moravam em uma rua do bairro de Flores, em Buenos Aires. Amalia diz que o romance não prosperou por causa da oposição dos pais dela.