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Habemus Papam

Papa sinaliza mudanças na Igreja

Em seu primeiro dia após a escolha para suceder Bento XVI, o papa Francisco mandou diversas mensagens de que defende mudanças na Igreja Católica. Com gestos simbólicos, fez questão de sinalizar tempos de austeridade para a instituição.

E na primeira mensagem pastoral como pontífice, uma missa aos cardeais na Capela Sistina com transmissão pela tevê, defendeu que a igreja "caminhe" e seja "edificada" sobre bases sólidas. Caso contrário, disse ele, a instituição corre o risco de deixar de ser uma igreja e ser rebaixada a uma ONG beneficente.

"A nossa vida é um caminho. Quando paramos, alguma coisa está errada", disse o papa, escolhido para liderar cerca de 1,2 bilhão de fiéis.

O novo papa fez um chamado pela colaboração dos cardeais e estabeleceu uma espécie de lema para a igreja em seu pontificado: caminhar, construir e difundir a palavra de Jesus.

"Nós podemos caminhar o quanto quisermos, podemos construir muitas coisas, mas se não confessarmos [professarmos] Jesus Cristo, a coisa não anda. Nos tornaremos uma ONG beneficente, mas não a igreja."

Ao reforçar o apelo à religiosidade, o novo papa citou uma frase dura do escritor francês Léon Bloy (1846-1917): "Quem não reza ao Senhor reza ao diabo."

"Quando não se confessa Jesus Cristo, se confessa o mundanismo do diabo, do demônio", disse Francisco.

Em seguida, ele afirmou que não adianta ao católico ocupar altos cargos na hierarquia da igreja, caso ele vire as costas à cruz.

A mensagem do novo papa foi recebida no Vaticano como um aviso de que os religiosos devem zelar pela coerência entre palavras e ação, ou seja, entre o que pregam e o que fazem em suas vidas.

"Quando caminhamos sem a cruz, quando construímos sem a cruz e quando confessamos um Cristo sem a cruz, não somos discípulos do Senhor. Somos mundanos, somos bispos, padres, papas, mas não discípulos do Senhor", disse.

Em outro sinal de mudança, Bergoglio fez sua homilia de improviso e em italiano. Em 2005, Bento XVI optou por ler um texto escrito em latim, língua que hoje ficou restrita às leituras bíblicas.

Piada

Ao fim do jantar de festa pela sua eleição, na noite de quarta-feira, o papa Francisco disse aos cardeais que o escolheram: "Deus os perdoe pelo que vocês fizeram."

A frase, em tom bem-humorado, foi um dos primeiros sinais de mudança de estilo no comando da igreja.

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