O começo

Bergoglio decidiu seguir a vida religiosa após uma confissão

Jorge Mario Bergoglio decidiu seguir a vida religiosa aos 17 anos. O cenário não poderia ser mais propício: a Basílica das Flores. O padre Gabriel Marronetti, 46 anos, responsável pela igreja, conta que Bergoglio foi ao confessionário e ao sair disse que Deus havia lhe pedido para ser sacerdote. Quatro anos depois, ingressou no seminário.

Marronetti conviveu com Bergoglio nos últimos 20 anos com quem mantinha contato frequente. Ele conta que mesmo na condições de arcebispo de Buenos Aires, o papa sempre cumpria agenda na igreja do bairro, onde rezava missas, fazia orações em frente da imagem de São José.

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O Bairro Flores deixou de ser apenas uma referência geográfica de Buenos Aires para ganhar os olhos do mundo. Foi lá que Jorge Mario Bergoglio nasceu, passou a infância e decidiu seguir a vida religiosa. Conhecido por ser um menino estudioso e educado, o papa viveu no bairro até os 21 anos, onde fez amigos e história. "O que mudou no bairro é que, agora, estamos felizes", diz o barbeiro Pablo Romano, 70 anos.

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O barbeiro foi morar em Flores no final da década de 50, quando a família do papa já não estava mais lá. No entanto, mantinha contato com Bergoglio porque o auxiliava no trabalho de assistência aos pobres. Romano destaca duas facetas do amigo que mais lhe agradava. Ser torcedor do San Lorenzo e peronista. Mas já adianta. "Isso não significa ser kirchenista", conta.

Após o anúncio de Habemus Papam, as lembranças da infância de Bergoglio proliferaram na memória dos moradores de Flores, um bairro de classe média hoje bastante povoado por equatorianos, bolivianos e paraguaios.

O sapateiro Rafael Musolino, 76 anos, foi amigo de infância de Bergoglio e o conhece há 50 anos. Ambos brincavam e jogavam bola na praça no bairro. Apesar de gostar de futebol, o papa não era muito assíduo aos jogos e não era conhecido como alguém bom de bola porque sempre priorizou o estudo. "Nós garotos fazíamos reuniões e o padre Bergoglio às vezes aparecia. Ele ia pouco porque era muito estudioso", lembra.

Musolino diz que Bergoglio era uma pessoa centrada, educada e de boa família. "Nós víamos que ele já estava se preparando para o trabalho religioso".

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A rotina em Flores não mudou apenas para a família Musolino. Na Rua Membrillar, 531, o dia a dia é outro. Esse é o endereço da casa onde Bergoglio foi criado. Desde a última quarta-feira, carros passam em frente à residência e buzinam. Curiosos e jornalistas vindos de todas as partes do mundo fazem plantão no local, à espera uma oportunidade para entrar e conversar com a atual proprietária, Marta Blanco, que vive na casa há 35 anos. Ela conta que muita coisa foi modificada na residência, hoje com cerca de 80 metros quadrados e dois andares, após a saída da família Bergoglio. Daquela época, restam apenas uma espécie de parreira e as escadas que dão acesso ao pátio. Marta ficou muito feliz e surpresa em saber que mora na casa onde o papa nasceu. "Quando ouvi o anúncio de que ele seria papa pensei que estivesse escutado mal", conta.

Juventude"Se não me caso com você, viro padre", disse Bergoglio à namorada

Folhapress

Aos 12 anos, Jorge Mario Bergoglio mandou uma carta a uma menina chamada Amalia, que acreditava ser sua namorada, com uma proposta para que os dois se casassem. Na época, ele não pensava em se dedicar à Igreja, mas, coincidência ou não, teria escrito: "Se eu não me caso com você, viro padre". A informação foi dada pela própria Amalia em entrevista à televisão argentina. Na época, os dois moravam em uma rua do bairro de Flores, em Buenos Aires. Amalia diz que o romance não prosperou por causa da oposição dos pais dela.

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