Trabalhadores estrangeiros que tentam fugir da violência na Líbia podem estar retidos ou impedidos de chegar à fronteira com a Tunísia, disse na sexta-feira a agência de refugiados da Organização das Nações Unidas (ONU), notando uma forte redução no fluxo de refugiados.

CARREGANDO :)

O número de pessoas que atravessam este posto de fronteira, duas horas de viagem a oeste de Trípoli, havia ultrapassado os 100 mil até quinta-feira, mas depois despencou.

"O Acnur (Alto Comissariado da ONU para Refugiados) receia que a situação de segurança na Líbia esteja impedindo as pessoas de partirem", afirmou Firas Kayal, porta-voz da agência na Tunísia.

Publicidade

Jornalistas estrangeiros que foram escoltados pelas autoridades líbias até a fronteira nas últimas 24 horas relataram ao Acnur que o caminho até lá estava quase deserto, exceto pela presença de tropas governamentais fortemente armadas.

Grupos humanitários internacionais disseram que, diante das restrições no acesso à Tunísia e ao Egito, os estrangeiros presentes na Líbia começaram a fugir para a Argélia.

Um jornalista argelino em Debdeb, cidade argelina na fronteira com a Líbia, disse que cerca de 30 refugiados chegaram na sexta-feira. "Mas estamos esperando uns 200 refugiados, principalmente da China e Bangladesh, nas próximas horas," afirmou.

Há estimativas de que até metade dos estrangeiros da Líbia já tenha deixado o país desde o início da rebelião contra o regime de Muamar Kadafi, há duas semanas. Eles partem para a Tunísia, para o Egito --num trecho de fronteira que está em poder dos rebeldes líbios-- e até para o Níger, ao sul, atravessando o deserto do Saara.

Na sexta-feira, cerca de 10 mil imigrantes de Bangladesh levavam seus pertences, a pé, de um acampamento improvisado na fronteira para um centro de triagem a quatro quilômetros dali. Muitos estavam fracos por causa da fome. "Não há ônibus para nós", disse um homem, sorrindo.

Publicidade

Enquanto isso, refugiados do Egito lotavam ônibus urbanos da Tunísia, preparando-se para uma repatriação aérea.

O Acnur disse que 43 mil egípcios já foram devolvidos ao seu país, e que restam apenas 4.000 a 5.000. "Estamos concentrando nossos esforços nos bengalis", disse Kayal.

Funcionários do aeroporto de Djerba previam a decolagem de 50 voos de repatriação durante o dia. Um navio alemão era esperado mais ao norte para ajudar na operação. Militares dos EUA levam suprimentos para Tunísia, e no sábado devem retornar para tirar refugiados, segundo o Pentágono.

O fluxo de refugiados começou em 21 de fevereiro e atingiu um pico na terça e quarta-feira, com cenas caóticas de desespero e pânico na fronteira. Na quinta-feira, apenas cerca de 1.800 refugiados cruzaram a fronteira, segundo o Acnur. Na sexta, o fluxo parecia ser ainda menor.

Publicidade