Os EUA e seus aliados da União Europeia no Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU) não pretendem ficar restritos à declaração presidencial da semana passada condenando o regime de Bashar Assad pela violência contra os opositores. Eles devem, já nesta semana, pressionar por uma resolução do CS, que tem um peso bem maior do que a medida adotada na quarta-feira.
Apesar de publicamente celebrar a declaração presidencial, diplomatas dos EUA e da União Europeia revelam - sob condição de anonimato - insatisfação com o resultado dos esforços contra a Síria na ONU, considerada uma vitória dos países integrantes do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
Um diplomata de um dos países que integram de forma permanente o CS disse à reportagem que "convencer o Brasil a adotar uma posição mais dura é fundamental para avançar com punições mais duras à Síria". Segundo negociadores da declaração presidencial, os brasileiros estiveram entre os que mais insistiram para a inclusão de atos violentos da oposição contra o governo sírio no texto final. Isso irritou países europeus e os EUA da mesma forma que no ano passado, quando os brasileiros votaram contra sanções ao Irã.
A declaração do presidente russo, Dmitri Medvedev, alertando Assad - de que, se a violência continuar, um "futuro triste pode esperá-lo" - foi considerada uma das melhores notícias para os EUA na semana passada. Moscou foi, ao longo dos últimos dois meses, o principal obstáculo para a aprovação de uma resolução. A Rússia possui um entreposto militar em Latakia, na costa síria e ameaçava vetar qualquer texto no conselho. A relutância russa começou a diminuir com a percepção no Kremlin de que Assad está ficando enfraquecido. Esta avaliação é compartilhada por consultorias de risco político consultadas pela reportagem, como a Strafor.
O gancho para voltar a insistir em uma resolução no CS será a apresentação na quarta-feira do relatório do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, sobre a situação síria, que deve apresentar mais condenações à repressão das forças do regime. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.