Os Estados Unidos disseram nesta segunda-feira que esperam que a China implemente as sanções decididas pelo Conselho de Segurança da ONU contra a Coréia do Norte e alertaram que o mero retorno de Pyongyang à mesa de negociação nuclear não será o suficiente para suspender as punições. Mas na verdade o maior problema, por ora, é a disposição da China de efetivar as sanções.
Os americanos disseram que a China está inspecionando veículos na fronteira, o que seria um gesto forte o suficiente para expor a disposição chinesa de pressionar seu grande parceiro comercial. Os chineses, porém, disseram que as inspeções de caminhões norte-coreanos é mais simbólica que qualquer outra coisa.
O Conselho aprovou, por unanimidade, no sábado passado, um pacote apresentado pelos Estados Unidos de sanções financeiras e armamentistas contra a Coréia do norte, a qual, desafiando a pressão internacional, anunciara na semana passada a realização de um teste nuclear.
A resolução da ONU proíbe o comércio de armas perigosas e a exportação de bens de luxo à Coréia do Norte, além de congelar verbas norte-coreanas no exterior supostamente ligadas a programas de armas não-convencionais.
- Um retorno à negociação não serve [para suspender as sanções] - disse o embaixador americano no Japão, Thomas Schieffer, a um grupo de jornalistas.
A Coréia do Norte havia concordado, inicialmente, com o fim do programa nuclear, desde que recebesse ajuda, garantias de segurança e votos de laços diplomáticos melhores.
- Ainda há um longo caminho a ser percorrido - disse o embaixador. - Ninguém quer aplicar sanções contra a Coréia do Norte. O que queremos é que a Coréia do Norte não continue a desenvolver armas nucleares.
O principal diplomata americano em Washington que lida com os assuntos relativos à ditadura comunista, Christopher Hill, viajou a Tóquio, antes que a própria secretária de Estado, Condoleezza Rice, vá à região, no fim desta semana.
Analistas dizem que a eficácia das sanções em fazer Pyongyang voltar às negociações pode ser prejudicada por China e Coréia do Sul, que temem desestabilizar a região. Daí a importância da reunião de quinta-feira em Seul.
O teste nuclear norte-coreano criou especulações de que Coréia do Sul, Taiwan e até o Japão -- único país até hoje vítima de ataque nuclear -- poderiam desenvolver armas atômicas.
Shoichi Nakagawa, dirigente do Partido Liberal Democrático japonês (governo), disse no domingo que o país deve discutir esse assunto, até então tabu.
Mas, na segunda-feira, o chefe de gabinete do governo, Yasuhisa Shiozaki, reiterou declarações anteriores do primeiro-ministro Shinzo Abe, segundo as quais o Japão vai manter seus princípios não-nucleares.
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