Trípoli - Aproveitando-se da popularidade que obteve ao se desligar do regime de Muamar Kadafi logo no início dos choques, o ex-ministro da Justiça Mustafa Abdel Jalil se autodeclarou presidente do Conselho Nacional da Líbia, a primeira instituição criada pelos rebeldes.
Jalil foi um dos primeiros funcionários do alto escalão do governo de Kadafi a renunciar ao cargo, no dia 21 de fevereiro, em protesto contra os ataques das forças de segurança contra manifestantes desarmados. Nos dias subsequentes, dezenas de diplomatas, militares e pilotos renegaram o regime ou desertaram das Forças Armadas.
Jalil, porém, começou a atacar Kadafi diretamente, declarando que o ditador ordenou pessoalmente o atentado contra o avião da PanAm em voo sobre Lockerbie (Escócia), que matou 270 pessoas em 1988. Até então, o regime havia admitido que o ataque foi planejado pelo país, mas, formalmente, Kadafi não estava ligado de maneira direta ao caso.
Com forte apoio na cidade de Baida, controlado pelos rebeldes, o ex-ministro então se declarou presidente do Conselho Nacional da Líbia organização que pode dar origem a um governo provisório após a eventual queda do ditador líbio.
Próximos passos
Sobre os próximos passos do Conselho, Jalil disse ontem a seguidores em Baida que irá "enviar uma mensagem para o Ocidente e para todos os povos de que este será um país democrático".
Mas o órgão está longe de representar a unificação final do movimento rebelde, que nasceu a partir de protestos espontaneamente da população contra Kadafi iniciados a reboque da onda de manifestações que já derrubou dois ditadores do mundo árabe, na Tunísia e Egito.
Lideranças jovens em Benghazi já contestaram a legitimidade de Jalil e nomearam porta-voz.
O ex-ministro, por sua vez, tenta consolidar sua posição, após nomear 30 membros do Conselho. Em entrevista à rede de TV Al Arabiya, ele disse que o órgão incluirá todas as tribos líbias, inclusive a de Kadafi, a al-Gaddadfa. "Vitória ou morte! Não iremos parar até que liberemos todo este país", afirmou Jalil ontem a partidários.
Ele também disse que a posição do Conselho é não aceitar nada menos que a queda do regime.
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