Fortes bombardeios ocorreram pelo segundo dia consecutivo na capital comercial da Síria, Aleppo, neste domingo (29). As tropas do governo continuaram sua ofensiva contra os rebeldes em várias partes da cidade, atemorizando a população civil.

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O Conselho Nacional Sírio (SNC, na sigla em inglês), de oposição acusou o regime do presidente Bashar al Assad de se preparar para "massacres" na cidade e pediu que o Conselho da Organização das Nações Unidas (ONU) faça uma reunião de emergência. Como os rebeldes enfrentam uma capacidade militar maior do governo, o chefe do SNC, Abdel Basset Sayda, pediu que os governos ocidentais forneçam armas. "Se a comunidade internacional não puder agir, eles devem apoiar a oposição com mísseis antitanques e foguetes antiaéreos", Abdel Basset Sida disse em Abu Dabi. "Estamos buscando ajuda internacional para armar a nossa revolta contra o regime."

Em meio a temores de um massacre ou batalha sangrenta em Aleppo, civis fugiram da cidade em números ainda maiores do que antes. "A vida em Aleppo se tornou insuportável", disse um escritor sírio, que pediu para não ser identificado, com medo de represálias, enquanto se preparava para deixar o local.

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O enviado de paz da ONU, Kofi Annan, pediu que os dois lados parem a violência, dizendo que apenas uma solução política poderia finalizar o conflito que os observadores dos direitos humanos contabilizam ter matado mais de 20 mil pessoas desde o início dos levantes em março de 2011.

Em entrevista coletiva concedida hoje durante visita a Teerã, o ministro das Relações Exteriores da Síria, Walid al-Moallem, criticou a interferência dos vizinhos do Oriente Médio no conflito e acusou as administrações sunitas de apoiar os rebeldes a pedido de Israel. "Israel é o mentor de tudo nesta crise", disse Walid, que concedeu a entrevista junto com o ministro das relações exteriores do Irã, Ali Akbar Salehi. "Eles (o Qatar, a Arábia Saudita e a Turquia) estão lutando no mesmo fronte." Para ele, os rebeldes serão derrotados. "Nós acreditamos que todas as forças anti-Síria se reuniram em Aleppo para lutar contra o governo ... e que elas certamente serão derrotadas", afirmou. Já o ministro iraniano alertou que, se o conflito no país piorar e o regime sírio cair, as consequências "iriam invadir a região e, eventualmente, o mundo inteiro". Ele acrescentou ainda que é "inocente e ilusório pensar que, se um vácuo de poder for aberto na Síria e o governo mudar, um novo governo possa ser estabelecido com facilidade".

Um ativista disse que houve mais ataques no distrito de Salaheddin, no sudoeste de Aleppo, onde rebeldes haviam repelido um ataque terrestre no sábado. Ele disse que também houve confronto entre soldados e rebeldes nos bairros de Bab al-Nasr, Bab al-Hadid e Cidade Velha, todos no centro da cidade. "As ruas estreitas dos distritos do centro, com mercados e prédios densamente povoados são impossíveis de chegar com tanques e bombardeios", disse.

Após atacarem por dois dias, soldados em grande número apoiados por tanques e helicópteros fizeram um assalto terrestre em Salaheddin, onde os rebeldes concentram suas forças desde a tomada de Aleppo em 20 de julho.

Os dois lados afirmaram terem avançado no confronto, mas um correspondente da AFP disse que os rebeldes conseguiram repelir em grande parte a ofensiva do exército. Segundo ele, os civis que decidiram permanecer na cidade, de cerca de 2,5 milhões de pessoas, se aglomeraram em porões tentando se proteger dos intensos bombardeios.

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O coronel Abdel Jabbar al-Oqaidi, do Exército Livre da Síria, disse que os rebeldes infligiram grandes perdas ao exército em Salaheddin, mas acrescentou que houve muitas mortes de civis. Destruímos oito tanques e alguns veículos blindados e matamos mais de 100 soldados", disse. "Três rebeldes foram mortos, mas também muitos civis." Oqaidi disse que a opção do regime por ataques aéreos foi responsável pelo grande número de mortos civis e que pediu a imposição de uma zona proibida para aviões.

O jornal pró-governo Al-Watan disse que o exército realizou uma "operação muito delicada em Aleppo para erradicar o terrorismo, impor a lei e libertar a população das mãos de terroristas de várias partes do mundo". "O destino dos terroristas será o mesmo de seus companheiros de Damasco", disse o jornal, aludindo a uma ofensiva do exército no início do mês que forçou a retirada dos rebeldes da capital.

O Observatório Sírio dos Direitos Humanos informou que houve fortes conflitos neste domingo nos bairros de Salaheddin e Saif al-Dawla e na entrada do campo de refugiados palestinos Hindrat. "O exército está tentando retomar o distrito de Bab al-Hadid no centro de Aleppo", disse Rami Abdel Rahman, chefe do Observatório. Em todo o país, a violência matou 168 pessoas no sábado: 94 civis, 33 rebeldes e 41 soldados, disse a entidade. As informações são da Dow Jones.