Paris - A ministra das Finanças francesa, Christine Lagarde, anunciou oficialmente ontem a sua candidatura ao cargo de diretora-gerente do FMI, confirmando rumores que circulavam desde a renúncia do também francês Dominique Strauss-Kahn, envolvido em um escândalo sexual.
Lagarde disse, porém, que não é uma representante dos europeus e que sua candidatura, cujo apoio vai "muito além das fronteiras europeias, tem o objetivo de "obter o mais amplo consenso.
François Baroin, porta-voz do governo francês, afirmou que a China endossa o nome de Lagarde. O governo chinês, porém, ainda não fez nenhuma declaração de apoio. A ministra negou que haja acordo tácito entre os EUA e a União Europeia assegurando para os europeus o comando do FMI e para os norte-americanos a chefia do Banco Mundial. "As candidaturas são transparentes.
A possível manutenção da chefia do FMI nas mãos de um europeu vem sendo alvo de críticas e de restrições entre elas, a do Itamaraty.
Embora o ministro brasileiro da Fazenda, Guido Mantega, tenha dito ver com bons olhos a escolha de Lagarde, o porta-voz da Chancelaria brasileira, Tovar Nunes, declarou ontem que está na hora de "transcender o autoritarismo de ter sempre um europeu na direção do Fundo.
"A escolha não deve se pautar pelo princípio da Apelação de Origem Controlada [selo de qualidade de produtos franceses]. É bom para os vinhos, não para a governança global, afirmou Nunes.
Ao longo das próximas semanas, a ministra iniciará uma série de viagens internacionais para amealhar o apoio dos países membros da instituição e tentar seduzir os mais céticos, especialmente entre os emergentes.
Lagarde elogiou o trabalho de Strauss-Kahn e prometeu que, se assumir a chefia do fundo, vai levar em consideração o maior peso dos países em desenvolvimento.
Perfil
Parisiense de 55 anos, Christine Lagarde é advogada e dirigiu o escritório norte-americano Baker & McKenzie especializado em direito do trabalho, fusões e aquisições antes de entrar no governo.
Em 2005, com Jacques Chirac na Presidência, ela assumiu a pasta do Comércio. Em 2007, ao tomar posse, Nicolas Sarkozy a nomeou para o Ministério das Finanças.