Fidel Castro foi um recordista dos discursos longos, de até sete horas, e, ao contrário de outros líderes, não deixou grandes obras escritas, apesar de no final de sua vida ter virado um articulista da imprensa cubana. Célebre por seu dom da palavras, apesar de não possuir uma voz potente, Fidel pronunciou ao longo de sua intensa vida política inúmeros discursos, principalmente de improviso, ante multidões de milhares de pessoas.
Meio século habituados a essa dinâmica, quando ficou doente em 2006 e cedeu o comando a seu irmão Raúl, os cubanos não sentiram tanta a falta da verborragia de Fidel, e muitos se sentiram aliviados.
Dotado de uma memória privilegiada, em seus quilométricos discurso falava tanto dos problemas mundiais como das colheitas de arroz chinesas, passando pela história de Cuba e, claro, ataques críticos a seu eterno inimigo, os Estados Unidos.
A população se acostumou a ouvir suas intervenções fazendo suas tarefas ao mesmo tempo. Foram muitas vezes que a telenovela (geralmente brasileira) da noite, sagrada para os cubanos, teve de ser atrasada ou cancelada porque El Comandante não parava de falar.
Em sua alegação para se defender no julgamento pelo ataque ao Quartel Moncada, em 1953, o famoso “A história me absolverá”, mostrou como tinha consciência do poder das palavras.
Alguns dias depois do triunfo da revolução, em janeiro de 1959, falou sem parar por sete horas na televisão; e, em 26 de setembro de 1960, pronunciou um discurso de quatro horas e 29 minutos em sua primeira aparição nas Nações Unidas, e foi parar no Livro de Recordes MundiaL Guinness.
Ao contrário de seu irmão Raúl, Fidel fazia poucos discursos lidos e, quando o fazia, sempre deixava o texto de lado para reforçar ou explicar uma ideia, pulando de um tema para outro, para depois retomar o fio da meada. Terminava sempre com seu “Pátria ou morte, venceremos!”
Inclusive, mesmo já idoso, continuava falando interminavelmente, como aconteceu em 17 de novembro de 2005, quando ficou de pé por seis horas no estrado da Aula Magna da Universidade de Havana. Depois de ficar gravemente doente em 2006, deixou os microfones. Amante das letras e autodeclarado jornalista frustrado, estreou em março 2007 como escritor de artigos na imprensa estatal, chegando a publicar mais de 400 textos sob o título “Reflexões do Companheiro Fidel”.
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