O fim do embargo econômico dos EUA sobre Cuba "não é para amanhã", disse neste domingo (19) o economista Lawrence Summers, principal assessor econômico do presidente norte-americano, Barack Obama.
Segundo Summers, tudo dependerá do que o governo da ilha fizer daqui para a frente. As declarações foram feitas desde Trinidad e Tobago, onde ele está para a Cúpula das Américas , em entrevista ao programa "Meet the Press", da rede de TV NBC.
Elas seguem-se em uma semana em que houve um "degelo" sem precedentes nas relações entre os dois países, quando os EUA levantaram restrições a viagens e remessas de dinheiro por cubano-americanos, e o presidente Raúl Castro disse estar disposto a negociar "tudo" com os americanos.
No sábado, a Casa Branca disse que viu sinais de "mudança de retórica" no governo de Cuba e que funcionários americanos estão estudando desenvolvimentos para a política americana em relação à ilha.
Na Cúpula das Américas, Obama foi pressionado por seus colegas latino-americanos a levantar o bloqueio.
Os presidentes sul-americanos insistiram com Obama na necessidade de avançar rumo à normalização das relações com Cuba, em reunião em Port of Spain antes de começarem os debates da 5ª Cúpula das Américas, em Trinidad e Tobago.
Após se reunir com Obama, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim; a presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner; e o governante do Uruguai, Tabaré Vázquez, coincidiram no pedido feito ao líder dos Estados Unidos sobre Cuba como membros da União de Nações Sul-americanas (Unasul).
Vázquez explicou que os presidentes sul-americanos coincidiram na necessidade de integrar Cuba a estas cúpulas.
"O presidente Obama ficou de estudar o assunto", disse o líder uruguaio aos jornalistas.
A questão cubana foi um dos pontos de reivindicação comuns que os governantes de Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru, Guiana, Uruguai e Venezuela fizeram a Obama na reunião multilateral de hoje, confirmou Amorim.
Cuba é "um tema que está na cabeça de todo o mundo", disse o ministro brasileiro, que acrescentou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "foi muito enfático em relação a que todos têm a expectativa de que a relação com Cuba se normalize".
"O grande teste era um avanço em relação a Cuba. Acho que foi dado um passo pequeno na direção certa. Eu acho que, agora, em vez de estar discutindo os próximos passos, o que tem que haver é um diálogo direto", acrescentou Amorim em entrevista coletiva.
Segundo o chanceler, Lula disse hoje que "é muito difícil que haja uma nova Cúpula das Américas e que Cuba não esteja presente".
A presidente do Chile, Michelle Bachelet, destacou, por sua vez, que a reunião da Unasul serviu para fortalecer a "confiança em uma mudança da relação dos Estados Unidos com a América do Sul".
Por outro lado, a líder argentina destacou que "é hora de recuperar a confiança", e qualificou de "extremamente positiva" a reunião de Obama com os líderes da Unasul.
"Esperemos que, agora, todas estas coisas sobre as quais falamos se plasmem na realidade", acrescentou, após destacar que "é uma oportunidade histórica para mudar a História".