Assange com cópia do Guardian, um dos jornais que divulgaram com exclusividade os documentos do WikiLeaks| Foto: Carl Court. AFP

Vazamento do dia

Laboratórios da Índia podem ser vulneráveis

Os EUA temem que laboratórios farmacêuticos da Índia entrem na mira de terroristas em busca de armamento biológico para fazer ataques em outras partes do mundo, segundo relatos do WikiLeaks publicados pelo "Guardian".

Em despacho de junho de 2006, diplomatas americanos relatam a superiores que terroristas poderiam se aproveitar do que veem como frágil segurança de laboratórios para ter acesso a "bactérias, parasitas, vírus e toxinas".

"A dura realidade é que você pode subornar um guarda com um maço de cigarros para entrar [em um laboratório]", afirmam os despachos. A indústria farmacêutica indiana, que é forte no setor de genéricos, vive às turras com laboratórios americanos, o que pode ter influenciado na avaliação.

Corrompíveis

Documentos afirmam ainda que os milhares de cientistas e pesquisadores indianos podem ser também facilmente recrutados, seja por afinidade ideológica ou dinheiro.

Outro vazamento revela a frustração da Índia com o que considera pouca ação do Paquistão para julgar suspeitos de ligação com os ataques de Mumbai no fim de 2008, que Nova Déli diz ter sido planejado com apoio do país.

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Londres - Julian Assange, criador do WikiLeaks, atacou ontem os EUA e acusou o país de fazer uma investigação ilegal contra ele e seu site. "Pessoas que eles acreditam que têm relações conosco estão sendo detidas, seguidas, e seus computadores estão sendo apreendidos", afirmou, sem dar detalhes de quem seriam.

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Ele voltou a dizer que teme ser extraditado para os Estados Uni­­dos e que acredita que o risco de isso acontecer está cada vez maior, porque aquele país "parece não respeitar as leis". "Lidar com uma superpotência que aparenta não seguir as regras da lei é algo muito sério", afirmou.

De fato, os EUA buscam formas de processar Assange com base em leis contra espionagem. Mas ele insiste que não cometeu nenhum crime, apenas fez um trabalho jornalístico de divulgar papéis secretos do governo.

Assange, que está em liberdade vigiada no Reino Unido, diz que o WikiLeaks hoje gasta mais tempo e dinheiro tentando se defender de ataques que fazendo jornalismo. "Em vez de fazer jornalismo, estamos usando mais de 85% de nossos recursos para nos defendermos de ataques técnicos, políticos, jurídicos. Isso, na verdade, é um ataque à investigação jornalística."

O criador do WikiLeaks passou ontem seu primeiro dia fora da prisão, após nove dias. Ele está na casa de Vaughan Smith, ex-militar que se tornou cinegrafista free lance e fez documentários sobre guerra.

Preocupação financeira

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Julian Assange até saiu em vantagem nessa primeira batalha do front judicial, mas o fundador do WikiLeaks agora também precisa se preocupar com o aspecto fi­­nanceiro. Mais especificamente com a combinação entre os entraves para a movimentação de di­­nheiro do site e os custos com a operação legal para evitar a extradição de seu líder para a Suécia e, possivelmente, os EUA.

Segundo informações de especialistas legais, apenas a primeira semana de trâmites legais já teria resultado em US$ 93,5 mil em custos processuais para Assange, valor perto de 10% do total de arrecadações do WikiLeaks desde outubro do ano passado.

Assange e o WikiLeaks tiveram sua principal conta bancária bloqueada pelo banco suíço Post Bank, além da recusa de Visa, Mastercard e PayPal em processar pagamentos.

Veja os novos vazamentos do site WikiLeaks:

Cuba

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- Apesar do apoio e financiamento dos Estados Unidos, a oposição ao regime dos Castro é desconhecida e fragmentada e provavelmente nunca vai governar o país.

Peru

- O presidente Alan García é descrito como "arrogante, desconfiado e com um ego colossal", além de ter grande domínio político e sentido de tetralidade.Tibete

- Líder espiritual do território chinês, o dalai-lama disse que o futuro político do Tibete deve ser posto em segundo plano em nome do combate à mudança climática.

Espanha

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- Documento assinado por Hillary Clinton questiona ações de combate à crise adotadas pelo país e a credibilidade do governo e do partido socialista, do premier.