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Crise árabe

Forças de Kadafi dão ultimato a rebeldes

Após retomar cidades importantes para os rebeldes, as tropas do governo ameaçam a retomada de Benghazi, principal reduto dos insurgentes

Exército do ditador Muamar Kadafi comemora a retomada da cidade de Ajdabiya e avança rumo a Benghazi, principal reduto dos rebeldes | Ahmed Jadallah/Reuters
Exército do ditador Muamar Kadafi comemora a retomada da cidade de Ajdabiya e avança rumo a Benghazi, principal reduto dos rebeldes (Foto: Ahmed Jadallah/Reuters)

Trípoli - O Exército líbio deu um ultimato ontem para os moradores de Benghazi, segunda maior cidade do país e reduto dos rebeldes que lutam contra as forças do ditador Muamar Kadafi, alertando-os a deixar os locais controlados pelos insurgentes e a depositarem suas armas até o início da noite (pelo horário de Brasília), informou a televisão estatal líbia.

Um texto transmitido na tela do canal Al-Libya disse aos moradores da cidade, no leste do país, que o Exército estava se aproximando para "apoiá-los e libertar a cidade das gangues armadas". "Pedimos que vocês deixem até meia-noite (horário local) as áreas onde homens armados e depósitos de armas estão localizados."

Notícias da mídia local informaram na terça-feira que os apoiadores de Kadafi fizeram ataques na cidade, o que os jornalistas internacionais não puderam confirmar. Não estava claro se esse alerta será seguido de alguma ação.

A Líbia está em crise desde meados de fevereiro, quando opositores a Kadafi, insatisfeitos com as condições sociais e impulsionados por uma onda popular árabe, passaram a organizar ações para a retirada do ditador do poder. Ele governa o país há 41 anos.

Também nesta quarta-feira, a televisão mostrou imagens da retomada definitiva de Ajdabiya, o último bastião dos rebeldes. As autoridades já haviam anunciado na terça-feira que Ajdabiya estava sob controle das forças do governo. Mas, segundo testemunhas, os combates prosseguiam na cidade e nos arredores. "Ouvimos explosões durante o dia inteiro", contou um funcionário de um hotel. Segundo um médico do hospital da cidade, pelo menos 26 pessoas foram mortas em Ajdabiya pelos bombardeios efetuados desde terça-feira.

Em Benghazi, o clima mescla desconfiança e nervosismo, com alguns cidadãos prevendo um banho de sangue, e outros confiantes de que os rebeldes ainda podem derrubar o líder Muamar Kadafi, há 41 anos no poder. A organização humanitária Médicos Sem Fronteiras disse que precisou retirar seu pessoal da cidade e começou a transferir as equipes para Alexandria, no Egito.

Petroleiro

Em contrapartida aos ataques, os rebeldes capturaram ontem um navio petroleiro carregado de 25 mil toneladas de combustível, afirmou Mustafa Geriani, um dos porta-vozes do comando insurgente. O navio tinha zarpado da Grécia e se dirigia à cidade ocidental de Zawiyah, a 60 km de Trípoli, quando foi capturado pelos rebeldes. Os insurgentes se apropriaram da carga da embarcação, à qual rebatizaram, declarou outro representante dos rebeldes, segundo quem o navio foi trasladado ao porto de Tobruk, perto da fronteira com o Egito e na zona sob controle insurgente. A embarcação é propriedade da Companhia Nacional de Trans­porte Marítimo (GNMTC) líbia, dirigida por Aníbal, um dos filhos do líder Muamar Kadafi.

Zona de exclusão

Enquanto isso, a comunidade internacional ainda está em um impasse sobre a criação de uma zona de exclusão aérea. A Fran­­ça e a Grã-Bretanha são fa­­vo­­rá­­veis à medida que impediria o ditador de usar sua artilharia para bombardear os rebeldes e civis. Mas a Itália, que seria uma possível base para essa operação, descartou qualquer intervenção militar.

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