O grupo islâmico Hamas quer uma nova liderança para os palestinos que substitua a Organização para Libertação da Palestina (OLP), dirigida por seu arqui-rival, o presidente Mahmoud Abbas, e facções leais a ele.
Declarando vitória na guerra devastadora com Israel na qual 100 palestinos morreram para cada israelense morto, o grupo militante está retomando o controle da faixa e o posto de desafio central ao moderado Abbas.
Milhares de partidários do Hamas participaram de manifestações em Gaza nesta sexta-feira (30) em apoio à convocação para abolir a OLP, feita há dois dias pelo líder do grupo no exílio, Khaled Meshaal.
Meshaal defende a formação de uma nova organização para representar os palestinos em Gaza, na Cisjordânia e na diáspora. A proposta dele ecoou em declarações similares feitas à multidão na sexta-feira vindas de um importante líder político do Hamas, Khalil al-Hayya.
Na primeira aparição pública de um importante líder do Hamas em Gaza desde que Israel atacou em 27 de dezembro, Hayya afirmou que a OLP está "morta" e foi enviada ao "necrotério" pelos próprios fundadores da organização.
"Já é hora de o povo palestino ter uma nova liderança. Estamos nos movimentando para abrigar as causas dos refugiados e de Jerusalém. Não vamos abrir mão de nossos direitos", disse ele.
"Já é hora de nosso povo ver uma liderança nova e sábia que mantenha a resistência e o rifle."
O Hamas, que governa 1,5 milhão de palestinos que vivem na Faixa de Gaza, compromete-se a lutar contra o Estado de Israel, o qual não reconhece.
Abbas, que tem apoio do Ocidente, busca criar um Estado palestino que conviva de forma pacífica com Israel. Ele governa a Cisjordânia, que está ocupada pelos israelenses, onde moram 2,5 milhões de palestinos. Ele também chefia a OLP.
Abbas acusa Meshaal de tentar "derrubar uma estrutura construída há 44 anos."
"Se ele quisesse derrubar o templo, ele não seria capaz de fazê-lo, porque nenhum palestino nem qualquer outro ficaria do lado dele", disse Abbas a repórteres em Rammalah, onde a facção Fatah está estabelecida.
A Fatah é a maior das 11 facções que formam a OLP, que assinou uma série de acordos de paz com Israel desde 1993 com o objetivo de estabelecer um Estado palestino.
Abbas partia na sexta-feira para uma série de visitas a capitais européias, em busca de ajuda diplomática para garantir um cessar-fogo duradouro em Gaza e a reconstrução pós-guerra da faixa, assim como apoio aos mediadores egípcios visando reconciliar Fatah e Hamas.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura