A primeira coisa que François Hollande, o "Sr. Normal", planeja fazer caso se torne o primeiro socialista a governar a França em 17 anos será reduzir o próprio salário em 30 por cento. Uma coisa que ele promete não fazer é promover nacionalizações e gastos públicos desenfreados, como fez o último presidente socialista da França, François Mitterrand, no começo do seu governo (1981-95). Hollande, de 57 anos, é um político moderado de centro-esquerda, cuja campanha se baseia no compromisso de eliminar o déficit público da França até 2017, elevando impostos, principalmente dos ricos, para financiar gastos públicos prioritários em áreas como a educação. Tal posição é criticada por muitos economistas que argumentam que a França deveria cortar profundamente os gastos públicos e reduzir o papel do Estado para confrontar a dívida pública, estimular a economia e tornar o país internacionalmente mais competitivo. Mas Holland argumenta que medidas de austeridade como as recentemente adotadas pela Grécia seriam um tiro no pé, por reduzir a atividade econômica e, consequentemente, a arrecadação tributária, o que acaba elevando o déficit ao invés de reduzi-lo. Para além das políticas econômicas que são cruciais na atual eleição, Hollande tem uma agenda política típica da centro-esquerda moderna: ele promete autorizar o casamento entre homossexuais, permitir a adoção de crianças por casais do mesmo sexo, e legalizar a eutanásia sob rígidas condições. E diz que não tem a intenção de se casar de papel passado com sua companheira. Ele se define como o "Sr. Normal" que o país precisa após cinco anos de governo de Nicolas Sarkozy, um político com momentos de narcisismo e fanfarronice, o que lhe rendeu o apelido de "presidente brilhareco". Hollande costumava ir trabalhar de motoneta até que os compromissos da campanha e as regras de segurança o obrigaram a aposentar seu modesto meio de transporte. Até recentemente, ele era mais conhecido internacionalmente por ser o ex-companheiro de Ségolène Royal, a fotogênica política socialista com quem ele teve quatro filhos e que foi candidata derrotada à Presidência em 2007. O casal se separou após a campanha. Sua atual parceira, a jornalista Valerie Trierweiler, diz que pretende continuar trabalhando, mesmo se Hollande for eleito, para ajudar a sustentar os três filhos dela de um casamento anterior. Seriedade Hollande tem uma verve afiada. Até a ex-primeira-dama Bernadette Chirac, que lhe faz oposição como deputada no Conselho Geral (assembleia deliberativa) do Departamento da Corrèze, presidido por Hollande, admitiu certa vez: "Ele é muito engraçado. Ele sabe trabalhar uma multidão, um mercado, uma feira, uma Câmara de Vereadores". Sua natural jovialidade ficou em segundo plano, mas sem desaparecer, no momento em que ele busca transmitir a seriedade de um estadista. Ele nunca foi ministro, e sua carreira foi toda traçada na política regional e dentro do Partido Socialista. Depois de atuar à sombra durante os dois mandatos presidenciais de Mitterrand, ele unificou o partido no turbulento período de dez anos em que serviu como primeiro-secretário (1997-2007). Críticos o acusam de ser inexperiente, insosso e indeciso. Humoristas o apelidaram de "Flanby", em alusão a um pudim industrializado. Apoiadores dizem que seu ponto forte é a capacidade de formar consensos. Hollande emagreceu e melhorou o visual para disputar a eleição. Fez uma dieta-relâmpago que o privou de uma das suas grandes paixões, o bolo de chocolate, e trocou os óculos tipo fundo de garrafa por modelos mais modernos, sem armação. Nascido a 12 de agosto de 1954 em uma família de classe média de Ruão (noroeste), Hollande é filho de um médico e de uma assistente social. Desde jovem, dizia a parentes e amigos que gostaria de um dia ser presidente. Após se mudar para a região de Paris em 1968, ele frequentou a conceituada escola de gestão HEC, e se formou no final da década de 1970 pela Escola Nacional de Administração, que prepara gestores públicos e por onde grande parte da elite política francesa passa. De lá, começou uma carreira política como assessor de Mitterrand em 1981, junto com Royal. Outra coisa que ele promete fazer imediatamente se ganhar a eleição é telefonar para dar a notícia ao seu pai idoso, que atuou politicamente junto à extrema direita na década de 1960, por discordar do processo de independência da Argélia, então colônia francesa.
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