Afastado da Presidência da República há 20 anos, o senador Fernando Collor (PTB-AL) afirmou, nesta terça-feira (26), que o impeachment do presidente do Paraguai, Fernando Lugo, foi legal e classificou como "açodada" a ação da diplomacia brasileira, que condenou o processo paraguaio. Para Collor, que é presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, a decisão de suspender o país vizinho do Mercosul e da Unasul até as próximas eleições, em abril, aumentará o alcance da crise e contribuirá para sua radicalização.
Rebatendo o principal argumento dos que condenaram o impeachment de Lugo, o de que o rito foi sumário e ele não teve direito de defesa, Collor afirmou, em discurso no plenário, que a Constituição paraguaia não detalha como deve ser o processo. "Não há que se falar em golpe de Estado", disse o ex-presidente da República.
Porém, essa não é a opinião do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP): "Há um consenso geral que os prazos oferecidos não davam condições de fazer uma defesa dentro das regras democráticas", afirmou o presidente do Senado.
Collor criticou a atuação da diplomacia brasileira, afirmando que esse é um problema do Paraguai. E para o senador, o Itamaraty errou ao não antecipar o cenário para o governo brasileiro. "Foi açodada a reação da diplomacia brasileira de criticar o afastamento como ruptura democrática. São problemas da legislação interna de outro país", discursou Collor. "Parece que o governo brasileiro foi tomado de surpresa. Ou nossa representação não informou adequadamente sobre a evolução da crise ou os centros de poder em Brasília não tentaram influir, como fazendo uma composição com Lugo ou pedindo mais calma à oposição parlamentar."
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