A Organização das Nações Unidas acusou na quarta-feira (4) o grupo islâmico Hamas de se apropriar de mantimentos em um depósito da organização internacional, e a União Europeia queixou-se dos obstáculos israelenses para o envio de ajuda humanitária à região.
Um dia depois de a precária trégua na região parecer prestes a desmoronar - e a menos de uma semana da eleição israelense -, forças de Israel e combatentes do Hamas suspenderam os disparos na fronteira, dando esperanças para os esforços egípcios de mediação.
O Exército israelense divulgou declaração lamentando um dos incidentes mais notórios da recente ofensiva de 22 dias em Gaza, mas rejeitando a culpa. Os militares consideraram que os ocupantes de um tanque responsáveis pela morte de três filhas de um médico palestinos agiram de forma "razoável".
Ao todo, a ofensiva israelense deixou 1.300 mortos, sendo cerca de 700 civis. Em Israel, houve 13 mortos, sendo 3 civis. Há apelos internacionais para que sejam investigados possíveis crimes de guerra cometidos por Israel.
De acordo com a ONU, a tarefa de reconstrução de Gaza após a ofensiva está despertando uma nova luta interna entre os palestinos.
Pela primeira vez desde a trégua de 18 de janero, a UNRWA (órgão da ONU que presta assistência aos palestinos) disse que policiais do Hamas apropriaram-se de mais de 400 pacotes de alimentos e 3.500 cobertores que seriam destinados a 500 famílias em um campo de refugiados.
O ministro do Bem-Estar da Faixa de Gaza, Ahmed Al Kurd, que é do Hamas, rejeitou a acusação e disse que falta "neutralidade e transparência" à UNRWA.
Na semana passada, a agência ampliou sua assistência a funcionários da Autoridade Palestina, que responde ao presidente Mahmoud Abbas, da facção Fatah, rival do Hamas. Na prática, desde 2007 Abbas controla apenas a Cisjordânia, enquanto o Hamas governa Gaza.
Com apoio ocidental, no entanto, Abbas tenta reafirmar sua autoridade sobre Gaza, e por isso na quarta-feira anunciou um programa de 600 milhões de dólares para a reconstrução da Faixa de Gaza.
Os Estados Unidos e a União Europeia querem que o mérito da reconstrução seja atribuído a Abbas, e não ao Hamas. No entanto, não está claro quando as obras poderão começar, devido à resistência do Hamas e à proibição israelense de que materiais de construção tenham acesso ao território, por causa de seus possíveis usos militares.
As restrições israelenses despertaram a ira dos líderes da UE, que se queixaram dos "obstáculos" aos produtos essenciais. "O seu governo nos deu garantias relativas ao acesso da ajuda humanitária e dos trabalhadores de ajuda à Faixa de Gaza", escreveram eles em carta datada do dia 2 e endereçada aos ministros israelenses de Defesa, Ehud Barak, e Relações Exteriores, Tzipi Livni.
"Desde então, não testemunhamos muita melhora", acrescentaram.
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