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Kadafi diz que vai atacar alvos civis no Mediterrâneo

O ditador da Líbia, Muamar Kadafi, afirmou que seu país vai se defender da "agressão dos cruzados" e que o envolvimento de forças internacionais na guerra civil em seu país transformou o Mediterrâneo em um "campo de batalha".

Em discurso transmitido pela emissora estatal de televisão, Kadafi disse que os ataques aéreos iniciados hoje pelos Estados Unidos e seus aliados são "simplesmente uma agressão colonialista dos cruzados, que poderá dar origem a uma guerra em grande escala". Ele também afirmou que estava abrindo os arsenais das Forças Armadas líbias para que a população se arme e defenda o país.

"A região do Mediterrâneo tornou-se um campo de batalha. Os depósitos de armas foram abertos e todo o povo líbio está se armando", disse Kadafi. Ele prometeu retaliar contra alvos civis e militares no Mediterrâneo e advertiu que os interesses do Ocidente na região estão "em perigo".

O presidente do Parlamento da Líbia, Abul Qasim al-Zuai, condenou os ataques aéreos a seu país como atos de uma "agressão bárbara". "Os países ocidentais estão levando a cabo ataques aéreos em vários locais em Trípoli e em Misurata, causando danos pesados à infraestrutura civil. Essa agressão bárbara contra o povo líbio acontece depois de nós anunciarmos um cessar-fogo", disse Al-Zuai.

Segundo ele, "o pretexto de que essa agressão visa proteger civis é contraditório com o que aconteceu hoje. Um grande número de civis feridos por essa agressão encheu os hospitais, e as ambulâncias ainda estão tentando alcançar muitas vítimas".

A emissora estatal de televisão líbia disse que "alvos civis estão sendo bombardeados por aviões dos cruzados em Trípoli" e que "há vítimas civis como resultado dessa agressão". Segundo a emissora, foram atacados os tanques de combustíveis que abastecem a cidade de Misurata, controlada pelas forças de oposição. Um porta-voz militar disse que as forças ocidentais também lançaram ataques aéreos em Zuwarah e em Benghazi.

Testemunhas disseram que várias explosões foram ouvidas a leste de Trípoli e que "bolas de fogo" podiam ser vistas no horizonte. A televisão estatal também disse que um avião militar francês foi derrubado no bairro de Njela, em Trípoli.

Milhares de pessoas se concentraram à noite em torno do complexo governamental de Bab al-Aziziyah, em Trípoli, formando um "escudo humano" para proteger Kadafi. "Meus pais disseram que os aviões atacariam o complexo, por isso eu vim, para defender nosso líder", disse um menino de dez anos de idade identificado como Mahmoud.

"Toda minha família está aqui. Estamos todos dispostos a morrer aqui mesmo, para proteger a Líbia e o líder Kadafi", disse Basma Amoume, de 27 anos, funcionária de um fundo de pensão, que levava sua filha de apenas seis meses no colo. Os portões do complexo, em geral fechados ao público, foram mantidos abertos e a filha de Kadafi, Aisha, apareceu e saudou a multidão.

Em 1986, durante o governo de Ronald Reagan, os EUA lançaram um ataque aéreo contra a residência de Kadafi, no qual outra das filhas do dirigente líbio foi morta.

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