Berlusconi: interesse no petróleo e medo do êxodo| Foto: Remo Casilli/Reuters

ROMA - Muamar Kadafi aparentemente já não comanda a Líbia, disse neste sábado o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, principal aliado europeu de Kadafi. "Eu tenho informações atualizadas há alguns minutos e parece que, efetivamente, Kadafi já não controla a situação na Líbia", afirmou ele, durante um encontro político, em Roma.

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Poucas nações estão com tanta exposição à Líbia quanto a Itália, um país europeu industrializado, mas pobre em energia e recursos naturais e que precisa tanto do petróleo líbio quanto da cooperação de Trípoli para manter à distância os barcos de imigrantes clandestinos africanos das suas praias próximas da África.

Com a estatal petrolífera italiana ENI (Ente Nazionale Idrocarburi – Entidade Nacional dos Hidrocarbonetos) levando para casa um terço da produção petrolífera da Líbia, não é surpresa que uma sucessão de governos italianos tenha buscado uma relação cordial com o governante líbio Muamar Kadafi – e mais do que todos, o extravagante primeiro-ministro Silvio Berlusconi.

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O primeiro-ministro italiano, que tem relutado em condenar a violência na Líbia, disse que as revoltas populares no norte da África podem levar à democracia e à liberdade, mas também podem gerar "centros perigosos do fundamentalismo islâmico a poucos quilômetros da nossa costa" e um grande êxodo de refugiados. "Por esse motivo, a Europa e o Ocidente não podem permanecer como espectadores desse processo", disse ele.

Para a esquerda italiana, a cordialidade de Berlusconi em relação a Kadafi é vista como uma "leviandade extraordinária face a um ditador". "Nós confundimos interesses econômicos com a cooperação e controle da imigração clandestina com a Líbia com uma política irresponsável de apaziguamento", opinou Francesco Rutelli, um dos líderes da oposição de esquerda na Itália, em declarações à rádio da RAI.