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A polícia da Suíça não descarta a hipótese de a brasileira Paula Oliveira, de 26 anos, ter praticado automutilação. Ela diz que teria abortado após ter sido atacada por neonazistas na última segunda-feira (9). A pedido do G1, três médicos legistas analisaram duas fotografias de seu abdome e pernas com cortes na pele, sem contudo terem tido acesso ao corpo da brasileira.
Os especialistas não descartaram a hipótese de Paula Oliveira ter provocado os ferimentos. Entretanto, dois deles acreditam que isso é "pouco provável". Nas imagens, os cortes são superficiais, verticais e inclinados, e também têm a forma das letras SPV, partido político considerado xenófobo.
"Não seria impossível ela fazer isso (os cortes), mas acho pouco provável. As letras estão muito regulares. Precisaria de um certo treino para fazer as letras com esse capricho", opinou o médico legista aposentado Anelino Resende.
Ex-presidente da Associação Brasileira de Medicina Legal e legista do Instituto Médico-Legal do Distrito Federal por 16 anos, Anelito Resende destaca que automutilações costumam não ter a precisão dos cortes apresentados em razão do estado emocional da pessoa. "Elas (as letras) não estão inclinadas. Precisaria de uma frieza enorme para fazer. Quando alguém vai se automutilar não capricha, faz vários riscos com certa urgência."
O médico legista aposentado Luís Carlos Galvão, professor de medicina da Universidade Estadual de Feira de Santana e adjunto da Universidade Federal da Bahia, concorda que a letra "quase caligráfica", conforme definiu, dificilmente seria desenhada por alguém com fortes distúrbios emocionais. Ele pondera, entretanto, que a localização e a disposição de alguns cortes poderiam caracterizar automutilação. Já a multiplicidade de ferimentos, acrescenta ele, apontariam para a tese da agressão.
"Pelo que a gente vê no conjunto, as lesões não parecem ser autolesões. A probabilidade existe, desde que haja um motivo muito forte ou um desiquilíbrio emocional muito forte", afirmou Galvão, que atuou no IML da Bahia por 30 anos.
"Cortes sem emendas"
Já outro médico legista, no IML de São Paulo há 12 anos, é mais contundente ao defender que a hipótese de automutilação deve ser levada em conta. O especialista, que preferiu não se identificar, questiona o fato de as letras serem tão simétricas nas pernas e as linhas desses cortes, precisas, aparentemente não apontando resistência a um ataque.
Outro fator por ele destacado é a superficialidade dos cortes, uma vez que, durante uma agressão, ferimentos mais profundos possivelmente ocorreriam. No relato da família à imprensa brasileira, não foi mencionado que Paula Oliveira pudesse ter desmaiado. "Ela reagiria, mesmo se contida. As lesões são superficiais, não têm movimento ou emendas", disse.
Ao G1, o Paulo Oliveira, pai da brasileira, disse por telefone, de Zurique, que os agressores "deram socos, chutaram e a cortaram com estiletes no corpo inteiro". Ao analisar as fotografias, o legista de São Paulo aponta a ausência de marcas "roxas ou avermelhadas", indicativos de socos e chutes.
Os legistas observaram que um exame psicológico, assim como de corpo delito e todas as provas colhidas na investigação, devem ser levados em conta na hora de formular um consenso sobre a questão.
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