Forçado a abandonar a cúpula do G8 na Itália por causa da violência étnica no noroeste da China, o presidente chinês, Hu Jintao, declarou que a manutenção da estabilidade social nessa região conflitiva é a "tarefa mais urgente," informou a TV estatal nesta quinta-feira (9). Xinjiang é rica em gás natural e petróleo.
Nos distúrbios de domingo na capital de Xinjiang, Urumqi, foram mortas 156 pessoas e outras 1.080 ficaram feridas quando muçulmanos da minoria uigur atacaram chineses da etnia han, majoritária na China. Hu descreveu o conflito como "um crime sério, violento planejado com cuidado e organizado por 'três forças' no país e no exterior", em uma aparente referência a extremistas religiosos, separatistas e terroristas.
Hu, que também é o chefe do Partido Comunista, disse na noite de quarta-feira ao Politburo, o órgão executivo do PC, que as autoridades locais "têm de isolar e golpear o pequeno grupo" de agitadores e "unir e educar a maioria" dos uigures.
O porta-voz do Ministério de Relações Qin Gang não deu importância ao pedido da Turquia de que o Conselho de Segurança da ONU discuta meios de pôr fim à violência na região, afirmando que Xinjiang é um assunto interno.
Milhares de soldados chineses tomaram posição nas ruas de Urumqi afetadas pelos distúrbios, em uma demonstração de força com o objetivo de sufocar a violência étnica.
A TV estatal mostrou Zhou Yongkang, a principal autoridade da China encarregada da segurança, e o ministro da Segurança Pública, Meng Jianzhu, passando em revista soldados usando uniformes camuflados em Urumqi. Meng e Zhou estiveram em ação na repressão em áreas do Tibete depois das amplas manifestações que lá ocorreram no ano passado.
Alguns moradores de Urumqi se perguntam como será possível a coexistência agora entre as duas etnias.
O governo chinês não pode perder o controle de Xinjigan, um vasto território deserto que tem abundantes reservas de petróleo, é a maior região produtora de gás natural na China e faz fronteira com a Rússia, Mongólia, Cazaquistão, Quirguistão,Tajiquistão, Afeganistão, Paquistão e Índia.
"Toda esta situação pode prosseguir por alguns dias, mas eventualmente o governo tem de usar a força. Não há dúvida sobre isso", disse Bo Zhiyue, pesquisador sênior e especialista em política chinesa no Instituto do Leste da Ásia, da Universidade Nacional de Cingapura.
"Por que se não for usada a força, tudo pode virar uma bola de neve. Pode ficar fora de controle. Qualquer governo teria de fazer a mesma coisa", disse ele.
Os chineses da etnia han, que dizem sentir-se ameaçados depois da violência de domingo, elogiaram a demonstração de força nesta quinta-feira quando os caminhões militares entraram em Urumqi e até tiraram fotografias. Moradores uigures de Urumqi observavam com os rostos tensos.
"Isto me deixa assustado e acho que a idéia é essa", disse uma mulher uigur chamada Adila. "O que podemos fazer contra tantos soldados?"
Autoridades pediram que os responsáveis pelos distúrbios se entreguem, do contrário terão de enfrentar duras punições. Li Zhi, chefe do Partido Comunista em Urumqi, disse que vai propor a pena de morte para os agitadores que recorrerem a assassinatos na cidade dividida entre chineses das etnia uigur e han.
Os que se entregarem serão tratados com mais condescendência ou mesmo ficar livres de punição, diz o noticiário divulgado pelo governo. Qualquer pessoa que apresentar provas ou entregar suspeitos será recompensada e protegida pela polícia, dizem as autoridades, que criaram uma linha telefônica especial para isso.
Não ficou claro se as mesquitas iriam abrir em Urumqi nesta sexta-feira, o dia muçulmano do descanso. A abertura das mesquitas poderia permitir um espaço para a expressão de insatisfação. Mas o fechamento pode agravar o descontentamento.
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