O presidente deposto do Paraguai, Fernando Lugo, disse nesta terça-feira (26) que somente um milagre pode fazê-lo retornar ao poder, pois as portas jurídicas e políticas foram fechadas. Ele anunciou, no entanto, que fará uma cruzada para explicar ao povo paraguaio os bastidores do julgamento político relâmpago que o tirou da Presidência. O ex-bispo católico deixou o governo na sexta-feira (22) após o Congresso considerá-lo culpado por mau desempenho em um julgamento político que durou menos de dois dias. Em seu lugar assumiu o então vice-presidente Federico Franco, que deve ficar no poder até o fim do mandato em agosto de 2013. Os advogados do ex-presidente apresentaram uma ação de inconstitucionalidade em meio ao julgamento político, alegando que Lugo não teve as garantias mínimas para a defesa, mas a Corte Suprema de Justiça do país rejeitou o recurso na segunda-feira. "No âmbito legal, todas as portas se fecharam ontem quando deram a constitucionalidade do processo e o reconhecimento da justiça eleitoral. Legalmente não existe um caminho para reverter esta situação", disse Lugo em entrevista à Reuters em Assunção. O Tribunal Superior de Justiça Eleitoral (TSJE) decidiu que Franco é o presidente constitucional. "Há uma possibilidade impossível, milagrosa, na qual o mesmo Parlamento possa decidir que se equivocou e que recua... fica o caminho político, mas o consenso no Parlamento me parece impossível", acrescentou. O ex-bispo, que há seis anos largou a batina para se dedicar à política, anunciou que fará uma cruzada pelo país na qual reunirá simpatizantes para explicar porque o julgamento político por mau desempenho resultou em um critério para seu impeachment. Isolado O governo Franco está isolado regionalmente depois que Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Venezuela, Peru e Uruguai ou retiraram ou chamaram seus embaixadores em Assunção para consultas. O bloco Mercosul, do qual o Paraguai participa ao lado de Argentina, Brasil e Uruguai, suspendeu a participação de representantes do novo governo paraguaio na cúpula que será realizada na sexta-feira na província argentina de Mendoza por considerar ilegítima a destituição de Lugo. O ex-bispo pretendia comparecer à cúpula na Argentina, mas disse que avaliava permanecer no país. "Estou quase decidindo que não viajarei na sexta-feira pelos motivos que estou dizendo, que os presidentes da região se sintam em liberdade... não quero pressionar nem os presidentes, nem os países da região a tomarem decisões", afirmou.

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