Ancara - A violência dos últimos meses na Síria fez mais de 10 mil sírios fugirem da violência no país em busca de refúgio na Turquia e no Líbano, afirmou ontem a encarregada das operações humanitárias da ONU, Valerie Amos.
A repressão brutal do ditador Bashar Assad às manifestações civis teria matado 1.200 pessoas.
"Faço um apelo ao governo [sírio] para que respeite e proteja os civis e se abstenha de empregar a força contra manifestantes pacíficos", disse ela em uma declaração.
Segundo Amos, cerca de 5 mil sírios se refugiaram na Turquia e 5 mil, no Líbano. A Turquia já teria instalado quatro campos de refugiados na fronteira.
"É importante que saibamos exatamente o que está acontecendo na Síria para que possamos fornecer o auxílio necessário. Espero que o governo autorize uma avaliação independente", disse.
Os protestos começaram na Síria em meados de março, depois da prisão de um grupo de adolescentes que escreveram frases contra o governo em um muro na cidade portuária de Latakia, no sul do país.
Em razão do receio que as forças de segurança endurecessem a repressão à população em resposta à morte de 120 policiais e agentes de segurança em Jisr al-Shughur, cresceu a pressão diplomática sobre o governo sírio.
O regime acusa "grupos armados" da emboscada após manifestações na cidade, em 6 de junho a invasão militar seria uma forma de retaliação pelas mortes.
Borbardeio
No domingo, forças de elite apoiadas por helicópteros e tanques invadiram a cidade de Jisr al-Shughour, norte do país, que durante uma semana esteve fora do controle do governo. As tropas lideradas pelo irmão do presidente Bashar Assad retomaram o controle da cidade após bombardeá-la.
O primeiro-ministro da Turquia acusou o regime de Assad de "selvageria", mas também disse que entraria em contato com o líder sírio para ajudar a resolver a crise. Turquia e Síria quase entraram em guerra, mas os dois países têm tido relações calorosas nos últimos anos, levantando exigências para vistos de viagem para cidadãos do país vizinho e promovendo os negócios entre empresários turcos e sírios.
Governos árabes têm permanecido silenciosos sobre a repressão na Síria, temendo que a alternativa a Assad seja o caos. O país abriga uma mistura sectária com alto potencial explosivo e é visto como uma potência regional com influência em acontecimentos nos vizinhos Israel, Líbano e Iraque.