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Cubanos e descendentes festejam “libertação” da ilha. | Gustavo Caballero/AFP
Cubanos e descendentes festejam “libertação” da ilha.| Foto: Gustavo Caballero/AFP

Milhares de cubanos tomaram as ruas de Miami, reduto do exílio da oposição cubana, para festejar a morte de Fidel Castro aos gritos de “Cuba livre!” e “Liberdade, liberdade!”, em meio ao estouro de champanhes, cantorias e panelaços.

“É triste a pessoa se alegrar com a morte de uma pessoa, mas essa pessoa jamais deveria ter nascido”, declarou Pablo Arencibia, um professor de 67 anos que deixou Cuba há 20 anos. “Satanás é que tem que se preocupar agora, pois Fidel vai querer tirar o lugar dele”, brincou, em meio ao barulho de buzinas, tambores e fogos de artifício que acordaram a cidade. Alguns cantavam o hino de Cuba e gritos de “Viva Cuba!”.

Um grupo de venezuelanos em Miami “acompanhou em sua euforia” os exilados cubanos na madrugada de sábado, nos festejos no bastião do exílio após a morte de Fidel Castro. “A Organização de Venezuelanos Perseguidos Políticos no Exílio (Veppex) acompanha em sua euforia e sentimento o glorioso exílio cubano pela morte do ditador Fidel Castro Ruz”, afirmou o comunicado.

Veppex, presidida pelo ex-militar José Antonio Colina, acrescentou que agora o presidente da Venezuela “Nicolás Maduro ficou seu seu mentor político”, em referência à aliança entre Caracas e Havana. “A morte deste ditador, que tanta tristeza e desgraças causou ao nobre povo de Cuba, é o primeiro passo para o desaparecimento absoluto desse atroz regime de esquerda”, acrescentou a organização. Na Flórida vivem cerca 100.000 venezuelanos, muitos deles chegados durante os governos chavistas. Aproximadamente dois milhões de cubanos vivem nos Estados Unidos, 68% na Flórida.

Barulho

Os vizinhos acordam com os buzinaços que enchem as ruas e saem para festejar praticamente de pijamas. Gente de todas as idades e, inclusive alguns americanos, soma-se à festa. “Durou demais. É um grande momento para a comunidade cubana e estou com eles”, disse Debbie, uma aposentada americana, originária da Flórida, que não quis dar mais dados. “Vivo em Little Havana e isto é grande parte das nossas vidas. A comunidade sempre está unida”.

Debbie e sua amiga cubana, Aymara, comemoram em frente ao emblemático Café Versailles, um ponto de encontro dos cubanos no exílio que, ao longo de décadas, viu muitos protestos e muito poucos motivos de comemoração. “Tinha que ter morrido faz tempo, é um criminoso, um assassino e um miserável, seu irmão também tinha que ter morrido; nessa família todos são criminosos”, gritava, com raiva e euforia, Hugo Ribas, aposentado de 78 anos, refugiado há quatro em Miami.

Mas além da festa pelo fim de uma era, os cubanos de Miami não são muito otimistas sobre o futuro da ilha. “Demorou demais e houve muita morte pelo caminho, mas não acho que sirva de algo”, afirmou Aymara, também receosa com sua identidade.

Os mais jovens faziam vídeos no Facebook Live, postavam fotos no Instagram e transmitiam a festa por FaceTime e Skype a seus amigos e parentes na ilha, sentindo o peso de um momento histórico. “Durou demais”, disse Analía Rodríguez, de 23 anos, há dez no exílio. “Houve muita dor e muitas famílias que se romperam e agora estou feliz!”, exclamou, com uma gargalhada.

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