Foto de Cesare Battisti no Brasil, em 18 de março de 2007: decisão de não reconhecer o revolucionário italiano como refugiado político foi tomada por maioria| Foto: Jean-loup Gautreau / AFP Photo

O secretário-executivo do Ministério da Justiça, Luiz Paulo Barreto, afirmou nesta sexta-feira (28) que o Comitê Nacional para os Refugiados (Conare) não concedeu refúgio a Cesare Battisti, escritor e ex-ativista de esquerda italiano, porque "não ficou demonstrado que ele foi um perseguido político". A decisão frustrou os planos de Battisti, que pretendia se livrar do pedido de extradição feito pelo governo da Itália.

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Durante entrevista coletiva na tarde desta sexta, Barreto disse que não poderia comentar detalhes do julgamento realizado pelo Conare, comitê do qual é membro, pelo fato de o processo correr em segredo de Justiça. O secretário-executivo, porém, informou que a decisão de não reconhecer Battisti como refugiado político foi tomada por maioria.

Ele também confirmou que o advogado de Battisti e também um representante da Itália participaram da sessão do Conare. Segundo Luiz Paulo Barreto, a defesa argumentou que o ex-ativista corre o risco de ser perseguido e morto caso retorne para seu país. "A conclusão é de que não ficou demonstrado esse fundado temor", disse Barreto.

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Battisti, 52 anos, apontado pelo governo italiano como ex-terrorista de extrema esquerda, foi preso em março do ano passado no calçadão na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. Ele estava foragido havia 26 anos e vivia no Brasil desde 2004. Sua prisão foi resultado de uma ação conjunta entre a Polícia Federal brasileira e agentes italianos e franceses

Ele era tido como um dos chefes da organização de extrema esquerda ''Proletários Armados pelo Comunismo'' e foi condenado à prisão perpétua em seu país, em 1993, por envolvimento em quatro assassinatos cometidos entre 1978 e 1979. Battisti sempre negou os crimes.

Extradição

Em maio de 2007, o governo italiano entrou com o pedido de extradição de Cesare Battisti no Supremo Tribunal Federal (STF), mas o julgamento ainda não foi realizado porque os ministros aguardavam a decisão do Conare.

O secretário-executivo lembrou que, se autorizada a extradição pelo STF, caberá ao governo brasileiro analisar se irá ou não extraditar Battisti. Caso a resposta seja positiva, o acordo de extradição fixado entre Brasil e Itália deverá respeitar os parâmetros da Justiça brasileira, que estabelece 30 anos como o tempo máximo que uma pessoa condenada pode ficar na cadeia.

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Segundo Luiz Paulo Barreto, o italiano deverá ser notificado da decisão na próxima segunda-feira (1). A partir desta data, a defesa terá 15 dias para recorrer. Um eventual recurso protocolado pelo advogado de Battisti será analisado pelo ministro da Justiça, Tarso Genro.