Egípcios chegam a campo de refugiados na Tunísia: mais de 30 mil pessoas já fugiram da Líbia| Foto: Fred Dufour/AFP

Opositores tentam colocar cidade de volta à normalidade

Benghazi - Opositores do líder líbio Mua­­mar Kadafi seguiram em frente ontem na tentativa de restaurar a normalidade e a ordem em Ben­­ghazi, elegendo um conselho da cidade, encarregado de retomar os serviços públicos. Milhares de moradores estavam de volta às ruas da segunda maior cidade da Líbia ao pôr do sol, agitando bandeiras em carros e soltando fogos de artifícios, enquanto a Coalizão Revolu­­cionária 17 de Fevereiro se reunia para traçar um caminho a seguir.

Leia matéria completa

CARREGANDO :)

Êxodo

Tunisianos e egípcios oferecem ajuda a quem foge do país

Moradores da Tunísia e do Egito estão se dirigindo à fronteira para ajudar aqueles que chegam da Líbia. Muitos deles têm abrigado estranhos em suas casas, informaram ontem grupos de assistência internacional. Mais de 30 mil pessoas atravessaram as fronteiras terrestres em resposta à violência na Líbia, em sua maioria tunisianos e egípcios que trabalhavam no país do norte da África, de acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

"Estamos observando um apoio sem precedentes por parte dos moradores locais", disse Melissa Fleming, porta-voz do Alto Comissariado da Organização das Nações Unidas (ONU) para os Refugiados (Acnur) em Genebra.

Ela afirmou que os moradores estão colocando as pessoas em suas casas, em escolas, hotéis e centros de juventude. Outros, oriundos de outros locais da África e do Oriente Médio, assim como da própria Líbia, precisavam de assistência por um tempo maior.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) divulgou um apelo por 6 milhões de francos suíços (US$ 6,5 milhões) para fornecer assistência médica e auxílio emergencial às pessoas que abandonaram suas casas por causa da violenta repressão na Líbia e disse que provavelmente precisaria de mais.

"A situação humanitária dentro da Líbia está piorando hora a hora", disse Dominik Stillhart, vice-diretor de operações do CICV.

Publicidade

Atenas - Após quase dois dias na fila, o navio que partiu de Atenas na quarta-feira para resgatar brasileiros em Benghazi, segunda maior cidade líbia, conseguiu atracar ontem. Os 148 brasileiros que es­­peravam para deixar o país enfim embarcaram. Mas o mau tempo impediu que o navio deixasse o porto. A previsão é que isso aconteça hoje.

A viagem até Atenas deve de­­morar 17 horas. Além dos brasileiros – todos funcionários da em­­preiteira Queiroz Galvão e seus familiares –, estão a bordo 48 por­­tugueses, 13 espanhóis e 1 tu­­nisiano, que também trabalham para a empresa.

Os brasileiros estão sem passaportes, que, pelas leis da Líbia, fi­­cam retidos na capital, Trípoli. Em Atenas, receberão nova do­­cumen­­tação para viajar ao Bra­­sil, em voos fretados pela construtora.

Segundo a Embaixada do Bra­­sil em Atenas, todos os brasileiros estão bem, apesar de relatos do clima de guerra em Benghazi no início da semana, quando houve conflito entre rebeldes e forças leais a Muamar Kadafi.

Em nota, o Itamaraty informou que todo o pessoal brasileiro da empresa Odebrecht foi transportado em dois aviões Jum­­bo on­­tem. O grupo está em Malta. O mi­­nistério diz ainda que, de Trípoli, já partiram em diferentes voos todos os funcionários da Petrobras e da Andrade Gutierrez. Segundo o Itamaraty, continuam na capital um diretor da Queiroz Galvão, os funcionários da embaixada e o em­­baixador, George Ney de Souza.

Publicidade

Corrupção

Outros países também tentam tirar seus cidadãos da Líbia. Uma das causas do atraso do navio com os brasileiros foi um barco turco, com capacidade para 4 mil.

Já o Reino Unido está sendo acusado de pagar propina para acelerar a saída de britânicos do país. O governo nega que se trate de corrupção e afirma que os funcionários do aeroporto de Trípoli sempre cobraram taxas para prestar alguns serviços. "Na atual situação, o valor dessas taxas aumentou. Temos de pa­­gar. A alternativa é manter centenas de britânicos presos em Trí­­poli’’, disse porta-voz da Chan­­ce­­laria.

O premier David Cameron pe­­diu desculpas por ter sido lento na retirada e afirmou que agora es­­tão sendo feitos todos os esforços para garantir uma saída segura.

Depois três dias de atrasos devido ao mau tempo, um navio conseguiu ontem fazer a retirada de cerca de 167 cidadãos norte-americanos.

Publicidade