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Guitarrista singular encontra sua voz como compositor

Blake Mills impressionou Eric Clapton quando se apresentou, em 2013 | Karsten Moran
Blake Mills impressionou Eric Clapton quando se apresentou, em 2013 (Foto: Karsten Moran)

Eric Clapton o descreveu como "o guitarrista mais recente que ouvi e achei fenomenal". O produtor Don Was diz que ele é "um daqueles músicos que aparecem uma vez em uma geração". Ele já tocou com gente como Beck, Lana Del Rey e Neil Diamond.

Blake Mills conquistou fama estelar entre outros músicos. Aos 27 anos, ele está criando um estilo próprio, algo que tem muito pouco em comum com a vibração de alta velocidade geralmente associada aos heróis da guitarra.

Mills acaba de lançar seu segundo álbum, "Heigh Ho". Quando era adolescente na Califórnia, pareceu que ele estava trilhando um caminho previsível.

"Quando comecei a tocar guitarra, só queria saber de aprender ‘Enter Sandman’, ‘Come As You Are’ e todas aquelas músicas da MTV", ele comentou.

"Mas então, por algum motivo, algum nervo meu não estava sendo estimulado. Acho que a qualidade sedutora do ego da guitarra, aquela coisa que se vê nos cartazes, muitas vezes impede os guitarristas de vivenciar o lado emocional de ser artista."

Mills enveredou por direções novas, inspirando-se nos sons de instrumentos e música de outros países. Seu som tornou-se singular, especialmente para um instrumentista tão jovem: atmosférico, fugindo dos padrões, com ecos —mas nunca imitações— de jazz e estilos latinos.

Mills mergulhou num cenário de músicos de diferentes gerações de Laurel Canyon, em Los Angeles, e a notícia de seu virtuosismo começou a se espalhar.

Os produtores Rick Rubin e T Bone Burnett o chamaram para tocar em gravações, e ele tocou com Kid Rock, Norah Johnes, Pink e muitos outros artistas.

Mills apresentou-se em 2013 no evento de guitarras "Crossroads", de Eric Clapton, no Madison Square Garden, tocando uma versão lenta e sonhadora de "Save the Last Dance for Me".

Mas seu trabalho de perfil mais alto até agora foi uma turnê com Fiona Apple. Os shows foram compostos por duetos, de vez em quando acompanhados por baixo e bateria simples.

"Ele é dois de meus cantores favoritos", disse Apple, "porque há a voz que passa por corpo e há a voz que passa pela guitarra."

O que mais chama a atenção em "Heigh Ho" não é a guitarra de Mills, mas as composições. Desde "If I’m Unworthy", até o intimista e melódico "Don’t Tell Our Friends About Me", a composição é enxuta e clara.

Mills disse que seu trabalho foi influenciado pela colaboração com compositores como Lucinda Williams e Jackson Browne.

"Quando você ouve canções deles, é sedutor pensar que esse é o único jeito em que se pode fazer. Mas, depois de ter convivência pessoal com eles, descubro o que eles gostam e o que ouvem e percebo que não é o único jeito."

"Já aceitei que o trabalho do cantor e compositor é um estudo vitalício da experiência humana. O que tentamos fazer é inventar palavras para dizer coisas que as pessoas sentiram ou podem sentir em algum momento. É isso."

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