Ao chegar nesta terça-feira a Colombo, o papa Francisco fez um chamado para que se descubra a verdade sobre o que aconteceu durante a sangrenta guerra civil em Sri Lanka como parte de um processo de cura entre as comunidades religiosas, poucos dias após os líderes da ilha durante o conflito terem perdido uma eleição.Logo após o desembarque no Sri Lanka, país de maioria budista, Francisco pareceu defender a criação de uma comissão da verdade para investigar os 26 anos de guerra civil, uma promessa eleitoral do governo eleito e empossado na quinta-feira.
"O processo de cura também precisa incluir a busca da verdade, não para abrir velhas feridas, mas sim como um meio necessário para a promoção da justiça, da cura e da unidade", disse ele, envolto em uma enorme grinalda de rosas amarelas e brancas.
Francisco fez a declaração ainda no Aeroporto Internacional de Bandaranaike, onde foi recebido pelo presidente Maithripala Sirisena, grupos de dançarinos e um coral de crianças. Sirisena disse que a visita é uma bênção para seu governo.
O pontífice passou por uma longa fileira de elefantes adornados até chegar a seu veículo branco aberto que logo se viu com dificuldades para avançar por causa do cerco da multidão ao longo da estrada. O lento progresso do carreata fez com que chegasse tarde à capital, Colombo, e cancelasse uma reunião à tarde com bispos.
Francisco é o primeiro papa a visitar o Sri Lanka em 20 anos.
Os combates entre os tâmeis, majoritariamente hindus, e cingaleses, de maioria budista, terminou em 2009 com uma derrota esmagadora dos tâmeis. A ONU estimou em 2011 que até 40.000 civis morreram no ataque final do Exército.
O papa Francisco tem experiência em guerra civil devastadora no período em que era sacerdote na Argentina durante a chamada "Guerra Suja". Um relatório de uma comissão da verdade, de 50.000 páginas, revelou detalhes chocantes de sequestros, estupros e tortura perpetrados pela junta militar argentina.
O papa, de 78 anos, vai passar dois dias no Sri Lanka antes de ir para as Filipinas como parte de uma viagem destinada a reforçar a presença da Igreja Católica em nações em desenvolvimento. A viagem de uma semana é a sua segunda pela Ásia.
O papa trazia uma mensagem de diálogo inter-religioso, em harmonia com a busca de harmonia religiosa pelo novo governo.
"Meu governo está promovendo a paz e a amizade entre os nossos povos, depois de superar um conflito terrorista cruel. Temos pessoas que acreditam na tolerância religiosa e coexistência com base em séculos de herança religiosa", disse Sirisena.
No entanto, Meenakshi Ganguly, diretor da Human Rights Watch no sul da Ásia, demonstrou dúvidas de que o novo governo vá concordar com um inquérito da ONU sobre o fim da guerra. Sirisena era ministro interino da Defesa quando o conflito acabou.
"Sirisena também já disse que não vai apoiar uma investigação internacional", disse Ganguly.
Cerca de 70 por cento dos cingaleses são budistas. Os hindus compõem cerca de 13 por cento e há também 10 por cento de muçulmanos. Os católicos são cerca de 7 por cento, divididos entre cingaleses e tâmeis étnicos.
Francis vai canonizar primeiro santo católico do Sri Lanka na quarta-feira, e visitar um local de peregrinação que foi bombardeado em 1999.
O papa pediu uma sociedade mais inclusiva no Sri Lanka, em comentários que pareciam dirigidos ao ex-presidente e líder de guerra Mahinda Rajapaksa, que perdeu o cargo após o ressurgimento das tensões religiosas e indignação por acusações de corrupção.
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