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Pressão internacional

Obama sobe o tom e europeus concordam em aplicar sanções

Líbios na fronteira com o Egito: europeus já falam em êxodo de 2,5 milhões de pessoas em caso  de queda do governo | AFP
Líbios na fronteira com o Egito: europeus já falam em êxodo de 2,5 milhões de pessoas em caso de queda do governo (Foto: AFP)

Em suas primeiras declarações sobre a crise na Líbia, o presidente dos EUA, Barack Obama, disse ontem que o governo do ditador Muamar Kadafi "vai ter de enfrentar as consequências das contí­­nuas violações dos direitos humanos’’. "Essas ações violam normas internacionais e todos os padrões comuns de decência. A violência tem que parar’’, declarou o presidente.

Mais cedo, a secretária de Esta­­do norte-americana, Hillary Clin­­ton, afirmou que sanções contra o regime líbio não podem ser descartadas. "Todas as opções estão na mesa para parar com a violência’’, declarou. A Europa já concordou em aplicar sanções contra o país.

Antes da atual revolta, Kadafi vinha sendo reabilitado pelo governo americano, após décadas considerado um pária. A nova relação teve início quando o ditador líbio renunciou a seu programa nuclear, e foi facilitada pelos interesses de empresas ocidentais nas vastas reservas petrolíferas do país.

O chanceler brasileiro, Antô­­nio Patriota, seguiu linha parecida ontem, após reunir-se com Hil­­lary para acertar detalhes da visita de Obama ao Brasil, em março. Depois de dizer que vai levar a situação da Líbia ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, o mi­­nistro se disse "profundamente preocupado’’ com os brasileiros que ainda estão no país. "[Mas] estou encorajado de que vamos oferecer uma saída para eles’’, afirmou (leia mais abaixo).

Bíblico

Na Europa, autoridades temem que os conflitos no norte da África causem um êxodo de grandes proporções. O chanceler italiano, Franco Frattini, disse que "centenas de milhares’’ de refugiados tentarão cruzar o mar Mediter­­râneo de barco. "Isso é um êxodo bíblico’’, disse.

Autoridades europeias dizem acreditar que os refugiados não serão apenas líbios, mas cidadãos de diversos países da África subsaariana.

Estima-se que cerca de 1,5 mi­­lhão de estrangeiros ilegais estejam morando ou de passagem pela Líbia hoje.

O país é considerado uma espécie de porta de entrada da África para a Europa e o regime de Mua­­mar Kadafi a principal barreira para os imigrantes. A ditadura líbia impede até 750 mil pessoas por ano de imigrar para a Europa em uma política de cooperação de Kadafi com os governos europeus.

Cerco

Ontem, quando o cerco da comunidade internacional ao regime líbio ganhou maior intensidade, alguns governos chegaram a propor a suspensão da Líbia de ór­­gãos da ONU e até a Liga Árabe decidiu afastar Kadafi das reuniões até que ele mude de postura. Os 27 países da União Europeia estabeleceram um acordo para iniciar a elaboração de uma lista de medidas contra Trípoli. O ar­­senal deve incluir desde a proibição para que Kadafi, sua família e seus ministros viagem para a Europa, o congelamento de bens, contas e empresas, o embargo de armas e outras restrições.

Com a lista preparada, ministros tomarão a decisão nos próximos dias sobre quais serão aplicadas imediatamente.

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