Há muitos dados interessantes no último relatório do Instituto Pew sobre a onda de refugiados que chegou à Europa. Mas uma informação em particular é perturbadora: só 27% dessa população de refugiados são mulheres. Em todas as faixas etárias, de quase todos os países de origem, as mulheres são minoria. E a diferença é ainda mais pronunciada no caso de imigrantes vindos da África, do Oriente Médio e do subcontinente indiano. Gâmbia, Bangladesh e Paquistão, por exemplo, não mandaram quase nenhuma mulher.
Há dois cenários que podem se desenvolver a partir desse fato. O primeiro é que os países de destino simplesmente acabam tendo um desequilíbrio entre o número de homens e mulheres em suas populações. Isso seria um problema: mesmo pequenas alterações demográficas entre os sexos podem ter impactos sociais consideráveis.
Os refugiados – já predispostos a passar por experiências de isolamento, distância e desafeto em relação à sociedade que os recebe – também terão de lidar com o desespero de homens que terão pouquíssimas esperanças de encontrar uma mulher para formar relações duradouras e começar uma família. É a receita para um desastre.
Então, por que não permitir que mais mulheres emigrem dos países de origem desses homens? Porque agravaria ainda mais a situação.
Só no último ano, vários dos destinos mais populares para imigração tiveram um aumento em sua população de estrangeiros de mais de um ponto percentual (nos EUA, que é o destino mais popular dos imigrantes, teve aumento semelhante, mas ao longo de 10 anos). Permitir que viessem mais mulheres, de modo a consertar esse desequilíbrio entre os sexos, implicaria algo como um aumento de mais de 0,5%, ao longo de um período curto de tempo.
A onda de refugiados do ano passado teve um impacto sobre os sistemas políticos e sociais de vários países. Aumentá-la pela metade ou até mesmo um terço, a curto prazo, poderia levar esses sistemas a um colapso social.