Aliados resolveram criar fórum chamado de "Comissão Otan-Geórgia" para aprofundamento de laços| Foto: Adrees Latif / Reuters

Os países-membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) afirmaram nesta terça-feira (19) ser impossível manter contatos regulares com a Rússia enquanto os soldados russos não se retirarem totalmente da Geórgia.

CARREGANDO :)

A aliança militar disse ainda estar "avaliando com seriedade" as implicações da recente operação militar dos russos.

"Concluímos que não podemos prosseguir como se nada tivesse acontecido", afirmaram os 26 países-membros da Otan em uma declaração conjunta após um encontro de emergência realizado em Bruxelas para falar sobre o conflito em torno da Ossétia do Sul.

Publicidade

Os aliados acertaram ainda criar um novo fórum batizado de Comissão Otan-Geórgia com o intuito de aprofundar os laços com o governo georgiano.

A Rússia afirmou que a declaração da Otan foi tendenciosa e acusou a aliança militar ocidental de tentar salvar um "regime criminoso" em Tbilisi.

"A Otan está tentando transformar um agressor em vítima e encobrir um regime criminoso, (está tentando) salvar um regime em colapso e está no caminho do rearmamento dos líderes atuais da Geórgia", disse o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, a repórteres.

Lavrov disse que a Rússia não tinha a intenção de ocupar o território georgiano. Ele também disse que as tropas russas podem ser retiradas da Geórgia em 3 a 4 dias, mas isso depende da rapidez da Geórgia em retornar às suas bases permanentes.

O secretário-geral da Otan, Jaap de Hoop Scheffer, disse em uma entrevista coletiva que a entidade funcionaria de forma semelhante ao que havia ocorrido no caso da Ucrânia, que manteve um laço do tipo ao longo de 11 anos.

Publicidade

Mas De Hoop Scheffer ressaltou que a comissão não prejulgaria as chances de a Geórgia ingressar na aliança militar.

Sem fechar as portas

O secretário-geral afirmou ainda que as forças russas precisavam regressar às posições que ocupavam no dia 6 de agosto e que, até lá, não haveria nenhuma chance de realizar encontros entre os países da Otan e a Rússia.

"Com certeza, não pretendemos fechar todas as portas", disse. Mas acrescentou, referindo-se à promessa russa de retirar-se da Geórgia: "Isso não está ocorrendo neste momento."

"Os soldados russos terão de se retirar agora para as posições que ocupavam antes da crise."

Publicidade

Meses de tensão entre a Geórgia e a Rússia eclodiram no dia 7 de agosto, quando o governo georgiano tentou, à força, retomar o controle sobre a região separatista da Ossétia do Sul.

Os russos, que apóiam os separatistas, lançaram uma imensa contra-ofensiva, estacionando unidades em parte da Geórgia, para além da Ossétia do Sul.

Os EUA pediram que os países da Otan considerassem a possibilidade de ao menos suspender os encontros de nível ministerial realizados com a Rússia. Mas a Grã-Bretanha e outros membros da aliança disseram que seria contraprodutivo cortar os canais de comunicação com a Rússia neste momento.

O governo russo ficou insatisfeito com a promessa da Otan de avaliar a possibilidade de a Geórgia ingressar em seus quadros. Isso levaria a aliança militar para a fronteira sul da Rússia.

Muitos analistas acreditam que essa promessa e uma promessa semelhante feita à Ucrânia são as causas subjacentes ao conflito deste mês.

Publicidade

Segundo aliados do governo georgiano, o conflito fortaleceu o argumento para que a Geórgia seja admitida o quanto antes na Otan.

Mas a secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, afirmou a repórteres, na noite de segunda-feira, que não havia nenhum plano para antecipar as discussões sobre a questão, marcadas para acontecer em dezembro.

Veja também
  • Conselho de Segurança discute resolução sobre a Geórgia
  • Comboio russo começa a deixar a Geórgia
  • ONU e ONGs pedem ajuda a vítimas da Geórgia
  • Russos permanecem na Geórgia e preocupam o Ocidente
  • Quase 25% dos russos esperavam resposta mais dura contra Geórgia