Centenas de milhares de peregrinos xiitas deixaram a cidade sagrada iraquiana de Kerbala neste domingo (17), ao final de um ritual sagrado anual que, este ano, aconteceu sem a violência sectária que o marcou no ano passado.
Vários ataques com bombas contra peregrinos a caminho do ritual mataram mais de 30 pessoas nos últimos dias, mas o ritual propriamente dito, em Kerbala, passou-se em paz, segundo as autoridades. No ano passado, milicianos xiitas entraram em choque com a polícia durante a peregrinação, provocando grandes tiroteios nas ruas de Kerbala.
Na conclusão do ritual Sha'abiniya, durante a noite de lua cheia, os fiéis lotaram as margens de um afluente do rio Eufrates, colocando velas acesas na água sob o luar.
Em seguida os peregrinos começaram a embarcar em ônibus para deixar Kerbala, situada a 80 quilômetros ao sul de Bagdá. A cidade foi extremamente vigiada esta semana por cerca de 40 mil policiais e soldados iraquianos, com o apoio de atiradores de elite, helicópteros e cães farejadores de bombas.
A peregrinação marca um dos dias mais sagrados do islamismo xiita: o aniversário do nascimento do imã Mohammed al Mehdi. Os xiitas acreditam que o retorno do "Imã Escondido", que desapareceu no século 9, vai inaugurar a paz na Terra.
As multidões de xiitas que fazem a peregrinação todos os anos evidenciam a influência da maioria religiosa iraquiana, cinco anos após a invasão liderada pelos EUA em 2003.
A participação nas peregrinações xiitas vem crescendo muito desde a queda de Saddam Hussein, árabe sunita que reprimia as manifestações xiitas e controlava as lideranças xiitas. Os eventos religiosos xiitas têm sido alvos frequentes de ataques de militantes sunitas.
Um atentado suicida matou 19 peregrinos perto da cidade de Iskandariya na quinta-feira. Eles estavam a caminho de Kerbala.
"Este ano a peregrinação foi muito boa, excetuando o incidente em Iskandariya", comentou Yousif Mohammed Ali, 41 anos, de Basra, antes de retornar a sua cidade.
Em outros ataques a peregrinos, nove foram mortos na sexta-feira (15) numa estação de ônibus em Balad, ao norte de Bagdá, e outros seis em Bagdá no sábado (16).
Mas não houve repetição dos enfrentamentos sectários xiitas do ano passado, que converteram a área em volta do santuário em zona de batalha durante dias e levaram o influente clérigo xiita Moqtada al Sadr a declarar um cessar-fogo de sua milícia, o exército Mehdi.
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