- Maior nome dos quadrinhos francês é morto no atentado a jornal
- Ataque é o mais grave contra jornalistas dos últimos 30 anos na França, diz Repórteres sem Fronteiras
- Veja as polêmicas do semanário "Charlie Hedbo"
- Chefes de Estado condenam ataque e mostram solidariedade à França
- Presidente da França diz que não há dúvida de que ataque a jornal foi terrorismo
- Dilma classifica ataque em Paris como "sangrento e intolerável"
- Pacote suspeito faz redação do El País ser esvaziada em Madri
- Policial morto em ataque estava protegendo diretor de jornal
- Atiradores disseram ser da Al Qaeda, dizem testemunhas
- Direção de revista espanhola diz que houve ataque à civilização
- Diretor de jornal dizia que "não abaixaria sua caneta"
- Frase em solidariedade a jornal se espalha pela internet
- Líderes muçulmanos condenam ataque a revista em Paris
- Economista membro do Banco da França está entre os mortos em ataque a revista
- Associação Nacional de Jornais se solidariza com o Charlie Hebdo
- Itália reforça segurança após ataque em Paris deixar 12 mortos
- Hollande realiza reunião de crise sobre o atentado e recebe Sarkozy
- Jornais europeus defendem valores democráticos após atentado na França
- Barbárie em Paris
O primeiro-ministro da França, Manuel Valls, informou nesta quarta-feira que várias pessoas foram detidas na noite passada por relação com o atentado contra a revista "Charlie Hebdo" e que os dois principais suspeitos procurados estavam sendo monitorados pelas forças da ordem.
"O serviço secreto os conhecia e por isso os seguia", disse Valls, em referência aos irmãos Chérif e Said Kouachi, suspeitos de terem cometido o atentado contra a publicação satírica, que resultou na morte de 12 pessoas.
No entanto, afirmou em entrevista à emissora de rádio "RTL" que "estamos diante de uma ameaça terrorista sem precedentes" e "centenas" de indivíduos são monitorados por possíveis relações com o terrorismo.
"O risco zero não existe", frisou, ao justificar o fato de o atentado ter ocorrido mesmo com os irmãos Kouachi entre os monitorados pelo serviço secreto.Chargistas fazem homenagem a mortos; confira
Suspeito teria se entregado
Um homem de 18 anos procurado pela polícia por envolvimento no ataque de quarta-feira à revista semanal de sátiras Charlie Hebdo entregou-se voluntariamente no nordeste da França, disse um funcionário da procuradoria-geral de Paris.
A polícia busca três cidadãos franceses suspeitos de envolvimento no suposto ataque jihadista que deixou 12 mortos: os irmãos Said Kouachi, nascido em 1980, e Cherif Kouachi, nascido em 1982, e Hamyd Mourad, nascido em 1996.
O funcionário da procuradoria disse que o suspeito mais novo se dirigiu a uma delegacia de polícia em Charleville-Mézières, no nordeste da França, na quarta-feira à noite.
A emissora BFM TV, citando fontes não identificadas, disse que o homem decidiu se entregar após ver seu nome nas redes sociais. A TV disse que outras prisões foram feitas em círculos ligados aos dois irmãos.
Operação em Reims
Nesta quarta-feira, as forças de segurança francesas lançaram uma enorme operação na cidade de Reims, 130 quilômetros a nordeste de Paris, em busca dos três suspeitos de terem cometido o massacre.
Mais de 50 de caminhonetes e veículos policiais estão na cidade, mostraram as imagens das redes de televisão francesas.
O governo francês elevou ao nível máximo o alerta antiterrorista e mobilizou mais de três mil membros das forças de segurança na operação de busca e captura dos autores do atentado.
Foragidos
Os nomes dos três suspeitos de participarem do ataque foram divulgados no início da noite desta quarta-feira pelas autoridades francesas. Além de Hamyd Mourad, que teria se entregado, são suspeitos os franceses Cherif Kouachi, de 32 anos, e Said Kouachi, de 34. Eles estão foragidos.
Um policial que pediu para não ser identificado disse a repórteres que os três têm ligação com uma rede terrorista do Iêmen.
Cherif Kouachi teria sido condenado em 2008 a 18 meses de prisão sob acusações de terrorismo por ajudar combatentes da insurgência no Iraque.
O site da revista francesa Le Point afirmou que os suspeitos puderam ser identificados graças a uma carteira de identidade encontrada no veículo utilizado na fuga.
O ataque
Os terroristas chegaram pouco depois das 11 horas locais (7 horas em Brasília) à sede do Charlie Hebdo. Eles estavam mascarados e com fuzis AK-47. Chamaram pelo nome os chargistas e colunistas do jornal e dispararam contra eles.
Ao deixarem o prédio, um deles executou um policial na rua. Durante a fuga, teriam gritado "Alá é grande" e "vingamos o profeta", o que é considerado uma alusão à publicação pela revista de caricaturas de Maomé.
Eles fugiram em um Citroën C1 de cor preta, que abandonaram em seguida. O policial Rocco Contento descreveu o interior do prédio como uma "carnificina" após o ataque.
Testemunhas disseram ao canal de notícias francês iTELE terem visto o incidente a partir de um prédio próximo no coração da capital francesa. "Cerca de meia hora atrás dois homens com capuz preto entraram no prédio com (fuzis) Kalashnikovs", disse Benoit Bringer à emissora. "Poucos minutos depois, nós ouvimos vários tiros", disse, acrescentando que os homens depois foram vistos fugindo do prédio.
Vítimas
Cinco chargistas foram mortos: o diretor do Charlie Hebdo, Stéphane Charbonnier (conhecido com Charb); Jean Cabu; Bernard Verlhac (conhecido como Tignous); Phillippe Honoré; e George Wolinski (um dos mais conceituados quadrinistas do mundo).
As outras vítimas foram o colunista e economista do Banco da França Bernard Maris; o revisor do jornal Mustapha Ourad; a psicanalista e colunista Elsa Cayat; um funcionário de outra empresa, que trabalhava no prédio, Frédéric Boisseau; Michel Renaud, que visitava o Charlie Hebdo; e dois policiais, Franck Brinsolaro (morto dentro do prédio) e Ahmed Merabet, executado na rua, quando os atiradores fugiam.
Hollande pede união
Em pronunciamento na TV francesa, o presidente François Hollande pediu a "união" do país como reação ao atentado à sede do Charlie Hebdo.
Hollande disse ainda que "todo o país foi atacado" com o atentado "covarde". Ele ainda ressaltou que seu governo "fará tudo" para encontrar os assassinos e proteger os franceses em lugares públicos.
"Nossa melhor arma é a união. Nada pode nos dividir e nada pode nos colocar uns contra os outros", disse Hollande, ao discursar brevemente.
O presidente francês determinou que esta quinta-feira (8) será um dia de luto no país e convocou um momento de silêncio em todo o serviço público francês ao meio-dia.
Alerta
À tarde, o ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve, assegurou que todas as forças policiais estavam mobilizadas para "neutralizar" os três criminosos envolvidos no ataque. "Foram mobilizados todos os meios" para detê-los e queremos que eles "sejam castigados com a dureza que merecem após o ato bárbaro que cometeram", declarou o ministro à imprensa após uma reunião de emergência convocada no Palácio do Eliseu pelo presidente François Hollande.
Cazaneuve confirmou que, além de causar 12 mortes, o ataque deixou cerca de 20 feridos, "quatro em situação grave". O governo elevou o nível do Plano Vigipirate a seu máximo, o de "alerta de atentados", na região de Paris.
O ministro enviou um telegrama a todos os governadores regionais (delegados do governo) da França para que aumentem a proteção em estações, locais religiosos e outras instituições sensíveis.
Em Paris, foram iniciados dispositivos de proteção suplementares nos transportes públicos, nas galerias comerciais e nos centros escolares. Também há proteção na sede de alguns meios de comunicação.
"Esse é um ataque terrorista, não há dúvida disso", disse Hollande a repórteres ao visitar o local do crime. Testemunhas afirmam que os atiradores se identificaram como membros do braço da rede terrorista Al Qaeda no Iêmen. O presidente disse ainda que vários ataques terroristas foram evitados no país nas últimas semanas.
Ameaças
O Charlie Hebdo foi alvo de várias ameaças por causa da publicação de caricaturas do profeta Maomé e de outros desenhos controversos.
Desde 2011, quando a sede da revista foi alvo de ataque à bomba horas antes de uma edição com uma charge do profeta Maomé ir às bancas, Stéphane Charbonnier andava com escolta de um policial.
Repercussão e solidariedade
A chanceler alemã, Angela Merkel, expressou repúdio pelo atentado, incidente que classificou como "ataque contra a liberdade de imprensa e expressão", dois "pilares da sociedade democrática".
O atentado é absolutamente "injustificável", criticou a chanceler em mensagem enviada ao presidente francês, François Hollande, na qual expressa sua "comoção". "Quero expressar, ao senhor e a seus compatriotas, as condolências dos cidadãos alemães e as minhas pessoais", prossegue a mensagem, divulgada pela Chancelaria.
Nos Estados Unidos, a Casa Branca condenou "nos termos mais fortes" o ataque e se comprometeu a ajudar na caça aos terroristas. "Os EUA estão determinados a ajudar a França a prender e levar os responsáveis pelo ataque ao Charlie Hebdo à Justiça", afirmou o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, em entrevista à rede CNN.
O primeiro-ministro do Reino Unido, David Cameron, também condenou o atentado. Cameron disse que os responsáveis pelo atentado contra a publicação são "doentes" e se solidarizou com o povo francês na luta contra o terrorismo. "Estamos com o povo francês na luta contra o terror e na defesa da liberdade de expressão", afirmou.
O vice-primeiro-ministro britânico, Nick Clegg, disse que a ação foi um ataque contra a liberdade de expressão e manifestou sua solidariedade com as vítimas, famílias e colegas.
A presidente Dilma Rousseff também lamentou o atentado. Para Dilma, além das perdas humanas, o atentado representa também um ataque à liberdade de imprensa.
UE
O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, qualificou como "ato intolerável" o ataque contra o semanário. "É um ato intolerável, uma barbárie que nos preocupa a todos como seres humanos e como europeus", disse Juncker em um comunicado. Ele se declarou "profundamente consternado pelo ataque brutal e desumano". "Expresso em meu próprio nome e em nome da Comissão Europeia nossa máxima solidariedade com a França", acrescentou.
Já o presidente do parlamento Europeu, Martin Schulz, disse em sua conta do Twitter que estava "profundamente consternado" pelo ataque e que seus pensamentos estão com a equipe da revista, os policiais e familiares.
Egito
O ministro das Relações Exteriores egípcio, Sameh Shoukry, mostrou sua "enérgica" condenação ao atentado contra a sede da Charlie Hebdo. Segundo um comunicado oficial, Shoukry expressou a solidariedade do Egito à França e seu apoio na luta antiterrorista. Para o ministro das Relações Exteriores, "o terrorismo é um fenômeno internacional cujo alvo é a segurança e a estabilidade no mundo" e pediu que sejam unificados os esforços internacionais para acabar com ele. O texto também expressa as condolências do Egito às famílias das vítimas, ao povo e ao governo da França.