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Crise amenizada

Prédios públicos começam a ser desocupados na Bolívia, diz oposição

Evo Morales negocia com lideranças do departamento de Cochabamba, na Bolívia | Danilo Balderrama / Reuters
Evo Morales negocia com lideranças do departamento de Cochabamba, na Bolívia (Foto: Danilo Balderrama / Reuters)

A oposição da Bolívia informou nesta quinta-feira (18) que começou a devolver ao Estado os prédios públicos que estavam invadidos por militantes.

O anúncio é feito no mesmo dia em que começam as negociações entre o governo de Evo Morales e os governadores autonomistas para tentar pacificar o país, que esteve à beira da guerra civil nos últimos dias.

Rubén Costas, governador de Santa Cruz, disse que todos os prédios em sua província seriam entregues ainda nesta quinta. Imagens de redes privadas de TV mostraram escritórios sendo devolvidos às autoridades. Em Tarija, prédios públicos e instalações de energia também eram devolvidas.

A devolução dos prédios deve desmobilizar os camponeses pró-Evo que mantinham bloqueios de estradas em Santa Cruz.

O processo de diálogo entre Evo e os oposicionistas começou nesta quinta em Cochabamba, no centro do país.

Os envolvidos chegaram ao centro de convenções onde vão ocorrer as conversas por volta das 8h locais (9h de Brasília), e começaram as conversas uma hora depois.

Participam da reunião, além de Evo, os governadores de Beni, Santa Cruz, Tarija e Chuquisaca. Os governadores governistas de Oruro e Potosí e os líderes interinos de Cochabamba e La Paz também participam.

Também estão presentes ministros, parlamentares e membros da Igreja Católica. Os observadores internacionais ainda não tinham chegado: José Miguel Insulza (OEA) e o delegado da União de Nações Sul-Americanas (Unasul).

O governo brasileiro designou o embaixador Luiz Felipe de Macedo Soares, atual enviado do país para a Conferência de Desarmamento em Genebra, como seu representante na comissão.

Os confrontos dos últimos dias na Bolívia, entre o governo de Evo Morales e os governadores das províncias autonomistas, provocaram a morte de cerca de 30 pessoas e deixaram centenas de feridos, a maioria deles no estado de Pando, no norte do país. Houve até uma interrupção parcial do fornecimento de gás natural boliviano para Brasil e Argentina.

Ao chegar ao local, o governador de Santa Cruz, Mario Cossío, disse que tem esperança em um acordo.

Savina Cuéllar, governadora de Chuquisaca, disse que vai tentar incluir nas conversações o tema da transferência total da capital para Sucre.

Considerada capital histórica da Bolívia, Sucre abriga hoje apenas a sede do Poder Judiciário. O Executivo e o Legislativo ficam em La Paz.

O diálogo de Cochabamba se dividirá em três mesas: uma vai tratar de nova Constituição e autonomia, a outra sobre a divisão dos impostos sobre os hidrocarbonetos, e a terceira sobre "institucionalização" e ocupação de vagas em tribunais.

Moradores de Pando fogem

A reportagem do "Jornal Nacional" constatou que em Cobija, capital de Pando, o comércio está fechado há uma semana. Assustados, os moradores evitam sair de casa depois que escurece por causa do estado de sítio.

Imagens gravadas por um cinegrafista amador registraram um tiroteio no momento em que as tropas federais desembarcaram no aeroporto da cidade, na sexta-feira passada.

Os soldados trocaram tiros com manifestantes contrários ao governo de Evo Morales, que haviam feito barricadas no aeroporto.

Centenas de bolivianos se refugiaram no Acre nos últimos dias. Uma família de brasileiros que morava na Bolívia resolveu se mudar para Brasiléia, no Acre.

O senador boliviano Paulo Bravo também fugiu para o Brasil. Logo depois da prisão do governador de Pando, os militares teriam dito que ele seria o próximo.

Na manhã desta quarta, o senador reuniu-se com representantes da Prefeitura de Brasiléia e do governo do Acre para pedir ajuda aos refugiados.

Na reunião, ficou decidido que as pessoas ficarão abrigadas em prédios públicos.

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