O presidente ucraniano, Viktor Yanukovich, viajou nesta terça-feira (3) para a China, deixando para trás um país em crise devido à decisão do governo de rejeitar um acordo de associação com a União Europeia (UE) por pressão da Rússia.
Além da ira nas ruas e dos políticos da oposição, o presidente enfrenta uma crescente pressão dos mercados internacionais, o que eleva o risco de uma crise financeira.
Enquanto a tropa de choque da polícia confrontava milhares de manifestantes favoráveis à associação da Ucrânia com a UE, em frente ao Parlamento, no interior do prédio líderes da oposição exigiam a votação de uma moção de não confiança contra o governo de Yanukovich.
No domingo, 350 mil pessoas protestaram contra Yanukovich em Kiev, e milhares mantêm barricadas e piquetes junto a prédios públicos, numa crise que novamente expõe a divisão existente no país entre o leste, associado linguisticamente à Rússia, e o oeste, que tem idioma próprio e se sente mais próximo da Europa.
A moeda, os títulos públicos e as ações de empresas da Ucrânia estão sendo fortemente pressionados por causa da crise. O banco central precisou ir a público declarar que as poupanças estão protegidas, e o ministro das Finanças disse que o país continua e continuará pagando suas dívidas.
"A Ucrânia é um devedor confiável e está cumprindo impecavelmente, e irá cumprir, todas as suas obrigações no prazo", disse Yuri Kolobov em declaração transmitida na terça-feira pela TV estatal.
Mesmo assim, o custo do seguro da dívida ucraniana contra um calote, que já estava no seu nível mais elevado desde setembro, voltou a subir na terça-feira, enquanto o governo busca bilhões de dólares para pagar parcelas da sua dívida e importar gás no ano que vem.
Falando ao Parlamento, o ex-pugilista e hoje líder de oposição Vitaly Klitschko, do partido Udar ("soco"), exigiu a renúncia do presidente. "Não faça nada estúpido - não se deixe guiar e ao país para um beco sem saída", afirmou.
A oposição quer uma moção de não confiança contra o governo do primeiro-ministro Mykola Azarov, que, no entanto, continua tendo sólida maioria parlamentar. Azarov disse que a crise tem "todos os sinais de um golpe de Estado".
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