A presidente do Tribunal Constitucional da Bolívia, Elizabeth Iñiguez, e a decana do órgão, Martha Rojas, entregaram suas renúncias irrevogáveis nesta sexta-feira, em mais um episódio da forte crise que afeta a justiça boliviana.

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A dupla demissão acontece quase dois meses depois que o Senado - dominado pela oposição - arquivou uma demanda de julgamento de responsabilidades, aprovada previamente pela Câmara dos Deputados - controlada pelos governistas - contra quatro magistrados do Tribunal Constitucional, acusados de prevaricação pelo presidente Evo Morales.

Iñiguez disse em sua carta ao vice-presidente da Bolívia e presidente do Congresso, Alvaro García, que a renúncia é uma resposta "à agressão permanente contra o Tribunal Constitucional e às ofensas à dignidade das magistradas, que nos atingem como mulheres e mães".

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"Apesar das resoluções, continua a fustigação sistemática, chegando ao extremo de um deputado governista ter o atrevimento de manchar não só minha dignidade de magistrada e profissional, mas também minha condição de mulher e mãe", protestou por sua vez Martha Rojas.

O deputado governista citado pelas magistradas é Gustavo Torrico, que garantiu à AFP que não tentou manchar "em absoluto o nome da mulher, a quem respeito muito".

"O que disse foi que uma prostituta tem mais moral em um convento que um magistrado distribuindo justiça, o que significa uma crítica a seu trabalho profissional e não a sua condição de mulher", defendeu-se Torrico.

Segundo o congressista, as magistradas enfrentam 16 denúncias de prevaricação.

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