Crianças sírias em campo de refugiados na Turquia. Estima-se que 10 mil pessoas fugiram da Síria nos últimos dias| Foto: Mustafa Ozer/AFP

Insurgentes da Líbia são reconhecidos pelos Emirados Árabes

Misrata - Os Emirados Árabes Unidos anunciaram ontem que reconhecem o grupo de rebeldes políticos da Líbia como os únicos representantes do país. O pronunciamento ocorre apenas três dias depois de reuniões internacionais sobre formas de ajudar os rebeldes no Conselho Nacional Transicional, sediado no leste da Líbia. Os Emi­­rados Árabes também estão entre os poucos países árabes que contribuem para os ataques da Otan contra as forças militares de Mua­­mar Kadafi.

O país árabe se une ao Catar e à Itália, entre outros, que mudaram completamente as relações diplomáticas do regime de Kadafi para os rebeldes. O ministro de relações exteriores dos Emirados Árabes, Abdullah bin Zayed Al Nahyan, disse que o país do Golfo planeja abrir um escritório de representação em breve na capital rebelde, Benghazi.

Os focos de revoltas continuam se multiplicando na Líbia. As forças leais a Kadafi lançaram ontem uma nova onda de repressão contra os rebeldes, principalmente nas montanhas do oeste e em Za­­wiya, que, depois de dois meses de calma, voltou a ser palco de combates.

A Otan anunciou que "toma as medidas necessárias para proteger os civis" a oeste da capital lí­­bia. Ontem, a Aliança Atlântica continuou atacando Trípoli e seus arredores. (AE)

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As tropas do ditador da Síria, Ba­­shar Assad, invadiram ontem, com o apoio de tanques e helicópteros, Jisr al Shugur – no norte do país, próxima à fronteira com a Turquia – e assumiram o controle da cidade rebelde.

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Não há informações sobre mortes. Estima-se que a invasão tenha provocado, só ontem, o êxodo de mais 5 mil sírios para o país vizinho; segundo testemunhas, 10 mil sírios estão refugiados no lado turco da fronteira. A cidade tem 50 mil habitantes.

A censura imposta pela Síria à imprensa impede a verificação independente de informações, mas ativistas afirmaram que pe­­lo menos 1,3 mil pessoas já foram mortas no país desde março, quando começou a onda de re­­voltas contra Assad, cuja família está no poder desde 1971.

A tevê estatal síria afirmou que a operação em Jisr al Shugur visava prender "terroristas’’ e apreender suas armas. De acordo com o relato oficial, apenas dois integrantes das organizações oposicionistas foram mortos.

O regime sírio acusa "grupos armados’’ de ter matado mais de 120 membros das forças de segurança do país após manifestações na cidade, em 6 de junho – a in­­vasão militar seria uma forma de retaliação pelas mortes.

Corpos de integrantes das forças de segurança foram descobertos em uma vala comum, se­­gun­do o governo. "Uma vala co­­mum foi descoberta em Jisr al Shu­­ghour com os corpos de agentes do quartel-general da segurança local", afirmou a tevê local. "Os gru­­pos armados mutilaram os cor­­pos, que já foram retirados da vala comum", acrescentou a emissora.

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No entanto, ativistas pró-de­­mocracia e grupos humanitários afirmam que os soldados foram mortos pelos próprios militares ao se recusarem a atirar contra manifestantes desarmados.

Reação mundial

Os Estados Unidos acusaram as autoridades sírias de criar uma "crise humanitária’’ ao reprimir os protestos com violência e im­­pedir o acesso de ajuda humanitária a refugiados.

Em comunicado, a Casa Bran­­ca pediu que o governo sírio in­­terrompa a violência. A União Europeia também exigiu o fim da repressão e a libertação de presos políticos.

No Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas, as negociações para aprovar resolução condenando o regime de As­­sad não avançaram, uma vez que Rússia e China – que têm poder de veto – não con­­cor­­dam com pontos do texto, as­­sim como o Brasil, um dos 15 membros ro­­tativos do CS.

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