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Guerra na Geórgia

Rússia rejeita trégua e amplia ataques. Mortes civis chegam a 2.000

Homem chora sobre o corpo de seu irmão, na cidade de Gori, bombardeada pelos russos | David Mdzinarishvili/Reuters
Homem chora sobre o corpo de seu irmão, na cidade de Gori, bombardeada pelos russos (Foto: David Mdzinarishvili/Reuters)
Soldados russos posicionados na Ossétia do Sul, região separatista da Geórgia |

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Soldados russos posicionados na Ossétia do Sul, região separatista da Geórgia

Moradores de um vilarejo na Geórgia deixam suas casas temendo ataque russo |

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Moradores de um vilarejo na Geórgia deixam suas casas temendo ataque russo

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Tanque dispara foguete em território separatista georgiano da Ossétia do Sul: russos bombardearam o porto de Poti, no Mar Negro |

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Tanque dispara foguete em território separatista georgiano da Ossétia do Sul: russos bombardearam o porto de Poti, no Mar Negro

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Com relatos de 2 mil mortes de civis em três dias, o conflito armado entre Rússia e Geórgia, uma guerra que eclodiu em pleno período de Olimpíadas, recrudesceu drasticamente neste sábado. Houve ataques aéreos russos à cidade de Gori, no norte da república vizinha, tropas disputam a capital da província rebelde da Ossétia do Sul, pivô do confronto, e uma outra região rebelde, a Abcázia, no oeste da Geórgia, entrou na ação armada, com apoio russo.

Ecoam acusações mútuas de limpeza étnica, enquanto multidões de refugiados já tomam as estradas da Geórgia, que declarou lei marcial e estado de guerra. Ao mesmo tempo, o presidente Mikheil Saakashvili pediu cessar-fogo imediato e acusou a Rússia de lançar uma invasão militar de larga escala contra seu país. Moscou, por sua vez, diz que a guerra iniciada pela Geórgia já empurrou 30 mil refugiados para o seu território e enviou para a região seu primeiro-ministro, o ex-presidente Vladimir Putin.

Uma delegação formada por representantes da União Européia, Estados Unidos e Otan também viajaria ainda neste sábado para a Geórgia, para obter o cessar-fogo, informou o secretário da Defesa britânico, Des Browne. A Geórgia pediu a trégua.

Apelo por trégua

- Minha oferta é por um cessar-fogo imediato, desmobilização de forças e desmilitarização de todas as áreas de fricção entre tropas - disse o presidente Saakashvili, na capital Tbilisi, mas não na residência presidencial, que foi desocupada por segurança.

O presidente dos EUA, George W. Bush, também disse que os ataques para além do território osseta eram um agravamento imenso da crise. Ele pediu que a Rússia suspenda os bombardeios imediatamente.

- Estou profundamente preocupado com a situação na Geórgia - disse Bush, que está em Pequim, acompanhando as Olimpíadas. - Os ataques estão ocorrendo em regiões da Geórgia muito longe da zona de conflito da Ossétia do Sul. Marcam uma escalada perigosa da crise.

A Rússia, porém, diz que recua apenas quando as tropas da Geórgia deixarem a Ossétia do Sul.

Ação e reação

A Rússia invadiu e bombardeou o território da ex-república soviética da Geórgia em resposta a uma ofensiva contra a Ossétia do Sul - sobre a qual as tropas de Tbilisi não tinham controle desde os anos 90. Os separatistas querem se unir à Ossétia do Norte, em território russo. Moscou apóia a luta e acusa a Geórgia de iniciar a guerra.

Unidades militares russas - incluindo tanques, artilharia e equipes de reconhecimento - chegaram neste sábado a Tskhinvali, capital sul-osseta. Quinze homens das tropas de paz russas teriam sido mortos no ataque da Geórgia à cidade, duramente bombardeada. Tbilisi nega que tenha perdido o controle sobre a cidade.

Bombardeios e combates

O bombardeio russo a Gori foi considerado pelo governo georgiano uma enorme escalada no confronto. Pelo menos dois prédios de apartamentos foram destruídos. Quarenta civis morreram, segundo a Geórgia. Moscou disse que seus alvos eram militares.

A Geórgia, por sua vez, disse que derrubou dez aviões russos desde o início da ofensiva de Moscou - que reconhece ter pertido dois.

Os embates também já vêm se dando por terra. Tropas da Geórgia enfrentam unidades russas de elite enviadas na sexta-feira. Os combates mais duros deste sábado teriam sido em Tamarasheni, perto da capital sul-osseta, parte de um enclave que nunca esteve sob controle separatista. A principal estrada da região passa ali e na cidade funciona o governo provisório não-separatista.

O presidente da Rússia, Dmitri Medvedev, insiste que a missão das tropas é pacífica.

- Nossos pacificadores e as unidades que os apóiam estão realizando neste momento uma operação para impor a paz na parte georgiana. Também são responsáveis pela proteção da população - disse Medvedev.

Neste sábado, a guerra ganhou ainda uma outra frente. Aproveitando-se da situação, separatistas da Abcázia lançaram uma ofensiva militar contra tropas do governo da Geórgia. A intenção é expulsá-las da região do desfiladeiro de Kodori. Líderes rebeldes disseram que o ataque foi da artilharia e de aviões próprios. Mas um porta-voz do governo pró-Georgia no exílio disse que dois vilarejos foram bombardeados por aviões russos.

A região foi cenário de uma guerra separatista de 1992 a 1995. A Geórgia não reconhece o governo estabelecido ali, mas suas tropas mantinham controle sobre a área alta do desfiladeiro de Kodori. Apesar do apoio da aviação e de unidades regulares russas, os montanheses haviam conseguido resistir no passado. A Rússia e a Abcázia acusam a Geórgia de enviar tropas para a região do desfiladeiro, o que seria uma violação do acordo de desmilitarização de 1995.

"Limpeza étnica"

Autoridades nos dois lados do confrontos trocam acusações de limpeza étnica. O Conselho de Segurança Nacional da Geórgia acusou as tropas russas de agir assim em sua tomada da Ossétia do Sul.

- Vilarejos que caíram sob a invasão russa estão sendo alvo dessa limpeza - disse Kakha Lomaia, secretário do conselho.

A acusação inversa havia sido feita pelo Ministério de Relações Exteriores da Rússia às tropas da Geórgia no lugar.

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