Ativistas pedem, nas ruas de Washington, que os EUA não ataquem a Síria| Foto: EFE/Shawn Thew

Kerry: Síria tem mil toneladas de armas químicas

O secretário de Estado americano, John Kerry, afirmou hoje (10) em depoimento à Câmara dos Representantes, em Washington, que o regime sírio tem aproximadamente mil toneladas de diversos agentes químicos, componentes binários, enxofre, mostarda, componentes binários de gás sarin e VX.

CARREGANDO :)

Obama continuará a pedir autorização do Congresso para atacar a Síria

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, continuará com seu plano de pedir ao Congresso que aprove o uso de força militar na Síria, apesar de a Síria ter aceitado uma proposta russa para entregar o controle de armas químicas, disse o porta-voz da Casa Branca Jay Carney nesta terça-feira (10).

Veja também
  • Conselho de Segurança da ONU convoca reunião urgente sobre Síria
  • Rússia rejeita texto francês e apresentará resolução
  • Obama continuará a pedir autorização do Congresso sobre Síria, diz Casa Branca
  • Turquia acredita que plano de entrega de armas químicas beneficia Assad
  • Síria aceita proposta russa sobre armas químicas, diz agência
  • Irã e China apoiam proposta da Rússia sobre armas químicas da Síria
  • Oposição síria classifica proposta russa de "camuflagem política"
  • Provas indicam responsabilidade do governo em ataque químico, diz ONG
  • Rússia e Síria já teriam plano para controlar armas químicas
  • França, EUA e Reino Unido vão propor à ONU resolução sobre Síria
Publicidade

A Síria não só aceitou uma proposta russa de entregar o controle de armas químicas à comunidade internacional, como disse estar pronta para revelar a localização de seu arsenal e mostrar as suas instalações para os representantes da Rússia, Nações Unidas e outros países. Em entrevista exclusiva à rede "Al-Mayadeen", o ministro das Relações Exteriores, Walid Moallem, afirmou ainda que o país irá assinar a Convenção sobre Armas Químicas.

Pouco antes, o secretário de Estado americano, John Kerry, afirmou que receberá do governo russo ainda hoje uma proposta de retirada de armas químicas da Síria. Segundo Kerry, a combinação foi feita em conversa com o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov.

"Isso não pode ser um jogo. Deixamos isso muito claro para os russos", afirmou o secretário em entrevista aos jornalistas Nicholas Kristof, do "New York Times", e Lara Setrakian, do site "Syria Deeply", via hangout do Google. "Não vamos aceitar algo que não dará conta do trabalho necessário."

Nesta quarta-feira (10), o Conselho de Segurança da ONU iria realizar uma reunião de emergência sobre a Síria, mas o encontro foi cancelado. A reunião havia sido solicitada pela Rússia, mas foi suspensa após a retirada do pedido.

Bombardeio

Publicidade

Com a aceitação da proposta russa, a Síria pode ser poupada de um ataque norte-americano. Enquanto isso, aviões do governo de Bashar al-Assad bombardearam posições rebeldes em Damasco, algo que não ocorria desde que Washington passou a fazer ameaças.

A iniciativa diplomática russa, aparentemente derivada de uma declaração do secretário de Estado dos EUA, John Kerry, marca uma repentina mudança de rumos na crise depois de várias semanas em que o Ocidente parecia se encaminhar para uma intervenção militar no conflito sírio, que já dura dois anos e meio.

A França disse que vai apresentar ao Conselho de Segurança da ONU uma resolução prevendo a entrega do arsenal químico sírio, e ameaçando consequências "extremamente sérias" se Damasco violar as condições do acordo.

O governo dos EUA vinha propondo um ataque limitado, que punisse o governo sírio pelo suposto uso de armas químicas contra civis - o que o presidente Bashar al-Assad nega ter acontecido.

Os rebeldes sírios reagiram com perplexidade à proposta russa, já que esperavam finalmente receber apoio militar ocidental para derrubar Assad.

Publicidade

"É um truque barato para dar ao regime mais tempo para matar cada vez mais pessoas", disse o ativista que se identificou como Sami, em Erbin, um subúrbio de Damasco atingido pelo suposto ataque químico.

O presidente dos EUA, Barack Obama - que nas últimas semanas busca apoio da opinião pública e do Congresso para o eventual ataque -, disse que a proposta russa pode ser um "avanço". Mas a Casa Branca disse que Obama continuará com seu plano de pedir ao Congresso que aprove o uso de força militar na Síria.

Em visita a Moscou, o chanceler sírio, Walid al-Moualem, disse que seu país concorda com a iniciativa russa, porque "elimina os motivos para uma agressão norte-americana", segundo relato da agência local de notícias Interfax.

Enquanto o processo diplomático se desenrola em capitais distantes, aviões de Assad bombardearam na terça-feira bairros rebeldes da capital pela primeira vez desde o suposto ataque com gás em 21 de agosto. Rebeldes disseram que os bombardeios foram uma demonstração de que o governo considera ter vencido a queda de braço com o Ocidente.

"Ao mandar os aviões de volta, o regime está passando um recado de que não sente mais a pressão internacional", disse o ativista Wasim al-Ahmad, no bairro de Mouadamiya, outro alvo do suposto ataque químico de agosto.

Publicidade