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No Rio Grande do Sul, 20 de setembro marca a tomada de Porto Alegre pelos rebeldes comandados por Bento Gonçalves, iniciando a secessão mais importante da história brasileira. São 176 anos de distância, mas no Paraná gaúcho também haverá desfiles pilchados e vanerão no CTG. Até no Piauí bombachas e cuias comporão a pose. Dentro da brasilidade moderna, a afirmação de uma especificidade cultural.

Pedro I, o príapo, abdicou do trono em 1831 e zarpou a Portugal guerrear pela Coroa. Vitorioso, foi majestade nos dois lados do oceano. Aqui, deixou o filho Pedro, criança, como herdeiro. O vazio monárquico tinha ingredientes para o surgimento de uma república ou de várias. Cabanagem, balaiada, sabinada, farrapos. A elite política do Rio de Janeiro se viu diante de vários movimentos separatistas e investiu na monarquia como meio de unificar o Brasil. De certa forma, em 1975, a Espanha fez a mesma opção e restaurou a Casa Real dos Bourbon.

A república provisória das regências – todos se lembram do Feijó – se apressou a confirmar a monarquia ao antecipar a maioridade de Pedro, o segundo. Aos 14 anos o adolescente tinha o fado de assegurar a unidade política e territorial que os portugueses construíram no período colonial. A república sulina ainda resistiria por cinco anos até capitular ante o Conde Luiz Alves de Lima e Silva, futuro Duque de Caxias, à época presidente da província do Rio Grande do Sul, nomeado pelo imperador. O militar já havia vencido separatistas maranhenses e governara o Maranhão.

Precavido, Pedro II nomeou carioca de sua confiança, Zacarias Góes de Vasconcelos, para presidir a nova província sulista, o Paraná, surgida oito anos depois da guerra dos farrapos. Zacarias havia sido presidente da província do Piauí e Sergipe, na mesma senda do presidente da província do Rio Grande do Sul em 1853, o Visconde de Sinimbu, alagoano. Santa Catarina era presidida por outro carioca, João José Coutinho. Trinca tropical para evitar a formação de frente fria que unisse políticos sulistas empreendendo ruptura territorial. O Sul perdeu a guerra da secessão e o peso político até a ascensão de Getúlio Vargas, em 1930.

Com a República, em 1889, o conflito armado entre brasileiros reacende e a resistência na Lapa paranaense assegura a vitória das forças federais sobre gaúchos maragatos que se mobilizaram para exigir mais autonomia do estado diante do governo federal. As recíprocas degolas de prisioneiros mancharam de desonra a Revolução Federalista.

E se as tropas do Império tivessem sido derrotadas entre os anos 35 e 45 do século 19? A hipótese serve para exercitar o pensamento: os gaúchos teriam formado a República do Rio Grande com idioma entre o espanhol e o português. Garibaldi teria feito um país para chamar de seu, a República Juliana, onde se falaria entre o portunhol e o italiano. Emulados, outros secessionistas dariam asas a seus desejos e a América lusitana se transformaria em retalho de republiquetas ao sol de Parador.

Caxias, Bento Gonçalves, Garibaldi hoje são nomes de cidades do Brasil. A memória das cisões deve estar viva para que se tenha presente o valor da união. É o feriado da união.

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