Hélio Ogama, diretor-presidente da concessionária Triunfo-Econorte, e Leonardo Guerra, dono da Rio Tibagi, foram presos temporariamente (prazo de cinco dias) pela Operação Integração, 48º fase da Lava Jato, em Londrina, no Norte do Paraná. Segundo as investigações de Polícia Federal (PF) e Ministério Público Federal, as empresas fazem parte de um esquema que teria desviado ao menos R$ 63 milhões de dinheiro arrecadado com pedágio por meio de do uso de CNPJs de fachada ou sociedades cuja prestação de serviços ou entrega de produtos não foi comprovada.
Outras perícias técnicas realizadas pelo MPF demonstraram superfaturamento nos valores das obras das concessionárias constantes na proposta comercial. Conforme o laudo técnico, que utilizou como parâmetro a tabela do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil (Sinapi), da Caixa Econômica Federal, em alguns itens das planilhas houve sobrepreço de 89% em relação ao valor de mercado. Para o MPF, essa “gordura” (excedente) era usada para pagamentos indevidos.
CINCO PONTOS: sobre a operação que mira o pedágio no Paraná
Além dos mandados de prisão, a operação também cumpriu nove mandados de busca e apreensão na cidade e cinco na região: três em Jataizinho e dois em Ibiporã. Os presos temporários permanecem na delegacia da Polícia Federal em Londrina. Gabriel Bertin, advogado de Ogama, e Rodrigo Antunes, advogado de Guerra, não quiseram se manifestar até terem acesso aos autos.
A força-tarefa da Lava Jato detalhou, durante entrevista coletiva em Curitiba, que um operador da Econorte teria recebido propina de R$ 9 milhões e que seu imóvel, que seria “de luxo”, estava sendo investigado. Mandados de busca e apreensão foram realizados na residência de Guerra, em um condomínio da Gleba Palhano, onde ele também possui uma empresa.
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Materiais também foram apreendidos em um escritório de advocacia na Galeria Vila Rica. Além disso, os policiais estiveram em um prédio no Calçadão e na sede da concessionária Econorte logo pela manhã.
Diretor do DER é preso; assessor da Casa Civil tem mesa revistada
A Operação Integração também cumpriu o mandado de prisão temporária (cinco dias) contra Nelson Leal Júnior, comandante do Departamento de Estradas e Rodagem (DER) do Paraná, um órgão subordinado à Secretaria de Infraestrutura e Logística, pasta administrada por José Richa Filho, irmão do governador do Paraná, Beto Richa (PSDB). Segundo as investigações, há suspeitas sobre ele por causa da aquisição de um imóvel de luxo de R$ 2,58 milhões em Balneário Camboriú (SC), que não foi declarado no Imposto de Renda.
Outro atingido pela Integração foi Carlos Felisberto Nasser, assessor da Casa Civil do governo Richa. O pedido de prisão contra ele foi negado pelo juiz Sergio Moro, pela idade avançada, mas o comissionado foi alvo de um mandado de busca e apreensão direcionado à sua mesa, no Palácio Iguaçu. Pela investigação da força-tarefa da Lava Jato, Nasser teria recebido R$ 2,8 milhões do esquema de desvio instaurado no pedágio do estado.
Triunfo Participações e Investimentos se pronuncia
Em nota distribuída à imprensa nesta sexta-feira (23), a Triunfo Participações e Investimentos diz que sempre contribuiu de “forma transparente” com todas as autoridades e que está à disposição para esclarecer os fatos apurados pela Operação Integração e que, por ter capital aberto (ações negociadas na bolsa) os seus resultados financeiros – e de suas controladas – são públicos e auditados.
A companhia disse que tem administração distinta da Construtora Triunfo S.A. e que Triunfo, Econorte e Rio Tibagi não contrataram os serviços de Adir Assad ou do ex-diretor do DER Nelson Leal Junior. A Triunfo Participações informa ainda que contratou os serviços de Carlos Felisberto Nasser, em assessoria financeira e mercado de capitais, em 2013, quando ele não era assessor da Casa Civil. E que prestou todos os esclarecimentos sobre a contratação do escritório de Rodrigo Tacla Duran e seus subcontratados.
A empresa alega ainda que a Econorte cumpriu 100% dos investimentos previstos no contrato de concessão. E que do total arrecadado com pedágio desde o início da cobrança, 56% foram para investimentos e só 14% se converteram em lucro. Para explicar o aumento da tarifa via aditivos, a Triunfo Participações e Investimentos diz que ele se deveu a uma redução unilateral dos valores cobrados em 50% no primeiro ano de concessão, além de “atraso no reajuste de pedágio conforme previsto no contrato de concessão; isenção de pedágio para mais de 20 mil usuários nas praças de pedágio (lei dos caminhoneiros e outros)”.
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